Ex-chefe de arbitragem da Federação Paulista de Futebol Ana Paula Oliveira, participou do programa Gol a Gol, do Esporte Na Band, e lamentou as ofensas machistas que recebeu quando era árbitra assistente e comentou como tentou combater o machismo quando chefiava a arbitragem paulista.
“Os atos machistas são horriveis. Sofri como árbitra e não tinha quem me defendesse. Mas, para mim, no campo de jogo, uma coisa que me incomodava nos tantos insultos que eu já ouvi era quando vinha um insulto machista por parte de uma mulher. Nunca me feriu tanto no ato da minha profissão, seja como gestora ou como árbitra”, disse Ana Paula Oliveira durante a entrevista.
“Nós, mulheres, não temos culpa, porque nós fomos criadas em uma cultura machista e acabamos absorvendo isso para nós. Não há coisa pior em você ver um insulto grosseiro, ofensivo e desrespeitoso por parte de uma mulher. Pra mim, o peso é redobrado”, adicionou.
Ana Paula Oliveira conta também que passou por outras situações lamentáveis dos tempos em que era assistente. A dirigente afirmou que já foi puxada pelo calção e tocada por torcedores quando atuou em jogos na Vila Belmiro, estádio do Santos.
“Antes, o torcedor conseguia te pegar. Eu já fui pega pelo calção na Vila. Na Portuguesa Santista é o mesmo processo: o torcedor consegue te pegar quando ele coloca a mão pelo alambrado. E aí te toca, pega no seu cabelo. Isso mais com a mulher, porque com o homem ninguém toca, né?!", destacou.
A ex-chefe de arbitragem da Federação Paulista de Futebol entre 2019 e 2023 também comentou sobre o combate às práticas machistas dentro dos campos do futebol brasileiro
“Como gestora a gente acabou comprando algumas brigas, fazendo o que entendia ser correto. Nós sofremos questões de homofobia, de sexismo, e eu orientava os árbitros. Lidar com isso também é um trabalho psíquico: você tem que lidar com isso como algo que não te ofenda”, completou.