Às vésperas do lançamento do documentário “Galvão: olha o que ele fez”, em que o narrador Galvão Bueno revisita a carreira de quase 50 anos de jornalismo esportivo, um trecho da produção foi divulgado e mostra uma narração em Copa do Mundo que marcou para sempre a vida de um ex-jogador da Seleção Brasileira: Alemão, o Ricardo Rogério de Brito.
Brasil e Argentina se enfrentaram nas oitavas de final da Copa de 1990, disputada na Itália. Perto do fim, Maradona fez fila na defesa brasileira, tocou para Caniggia, que driblou Taffarel e garantiu o triunfo por 1 a 0.
Na transmissão, Galvão criticou a marcação frouxa do meio-campo da Seleção, que não conseguiu parar o astro argentino. A análise foi ainda mais pesada em cima de Alemão, volante que dividia os vestiários do Napoli-ITA com Maradona.
Mas é aquela história. Muito cupincha e muito amigo, jogador muito amigo. Muito respeito com o Maradona. Quando ele driblou o primeiro, tinha que tomar uma varada e jogar ele do lado de fora do campo - Galvão Bueno, na narração do gol da Argentina contra o Brasil na Copa de 1990.
No trecho divulgado, Alemão disse que a forma como Galvão o tratou trouxe consequências por anos. “Se a gente vir o lance, e eu vi 500 vezes, chegou um ponto que eu pensei: ‘Pera aí. Eu sou o culpado sozinho por esse gol’. Pelo tanto que ele falou”, disse Alemão, ao documentário. “Eu fiquei vivendo o problema durante 32 anos. Então, o que ele [Galvão] pensa agora, para mim, não tem a mínima importância”, afirmou o ex-jogador.
No trecho do documentário que é possível acompanhar, Galvão reconhece o erro. “Será que eu usei a expressão cupincha? Se eu usei, errei”, disse o narrador.
Usado principalmente na região sul do Brasil, o termo ‘cupincha’ é utilizado para se referir a alguém com quem se tenha amizade, companheirismo.
Quem é o ex-volante Alemão
Nascido em Lavras (MG), em 22 de novembro de 1961, Alemão começou a carreira no Fabril e ganhou destaque no Botafogo, onde atuou de 1982 e 1987. Depois de anos se destacando no futebol carioca, o volante brasileiro foi para o Atlético de Madri, da Espanha.
O auge da carreira aconteceu pouco depois, quando defendia o Napoli-ITA e foi convocado para a Copa do Mundo de 1990.
Considerado um volante de boa técnica, Alemão ainda defendeu o São Paulo, entre 1994 e 1995, e se aposentou no Volta Redonda.
O ex-jogador defendeu a Seleção em 39 partidas (25 vitórias, seis empates e oito derrotas) e marcou seis gols, segundo números do livro "Seleção Brasileira 90 anos", de Antonio Carlos Napoleão e Roberto Assaf. Seu último jogo com a Amarelinha acabou sendo a derrota para os argentinos, nas oitavas de final da Copa de 1990.
No currículo, Alemão tem a conquista de Copa América, além do Campeonato Italiano, Liga Europa e Supercopa da Itália. Estes três títulos foram vencidos na época do Napoli.