Jogo Aberto

Faltou fair play ao América-MG contra o Santos? Jogo Aberto debate

Renato Marques roubou a bola após lesão do goleiro João Paulo e mandou para o gol vazio na vitória do América-MG por 2 a 1 sobre o Santos

Da redação, com Jogo Aberto

O América-MG recebeu o Santos na última sexta-feira (24), pela sétima rodada da Série B do Campeonato Brasileiro, e venceu por 2 a 1. Mas um lance específico roubou a cena: o primeiro gol americano.

Aos 13 minutos do primeiro tempo, o goleiro do Santos, João Paulo, recebeu um recuo e tentou dominar, mas se machucou sozinho e caiu no chão. Renato Marques aproveitou e empurrou para o gol vazio.

Na edição desta segunda-feira (27) do Jogo Aberto, Renata Fan lembrou que o fair play no futebol “deve ser levado a sério, mas não é uma regra”. Para a apresentadora, o gol de Renato Marques é um assunto polêmico “pela atitude” e “pela questão da regra”.

Os comentaristas do programa concordaram que faltou fair play a Renato Marques, mas tentaram compreender o gol do jogador. Confira opiniões:

Chico Garcia: ‘Trata-se de um absurdo’

Chico Garcia lembrou que a manifestação de fair play “sempre é prerrogativa do jogador”, mas lamentou o que considerou mais um caso de “jeitinho” no futebol brasileiro.

“O futebol brasileiro, especificamente, tem muito do jeitinho em todos os momentos. É o goleiro querendo ganhar tempo, é o jogador tentando ludibriar a arbitragem, o próprio adversário o tempo inteiro, é um árbitro tentando controlar os ânimos de quem está em campo e quem está fora também”, listou o jornalista.

“É obvio que trata-se de um absurdo, e óbvio que não é legal, e óbvio que isso não deveria nem ser pauta. O jogador do América não deveria nem continuar o lance. E se ele continuou, os companheiros deveriam ter feito um gol contra para equilibrar as coisas. Não é um jogo justo, não é um jogo limpo”, cobrou.

Denílson: ‘Eu teria feito o gol’

Para Denílson, o gol de Renato Marques é reflexo de uma educação ruim passada aos jogadores – que, garante, não vem da geração atual.

“Eu estava vendo o jogo e fiquei pensando o fim de semana inteiro o que falaria aqui. O que eu vou falar aqui pode virar polemica ou não: eu teria feito o gol”, disse o ex-atacante.

“Isso aí é culpa da minha geração, da geração do Ronaldo (Giovaneli), que a gente ‘educado’ a simular, ‘educado’ a enganar o árbitro, ‘educado’ a enganar o adversário”, acrescentou.

“A culpa não é do menino que fez o gol. A culpa também não é do João Paulo, que machucou. Aconteceu. Mas eu, se tivesse no lugar do Renato (Marques), provavelmente teria feito o gol. Eu também teria pensado: migué. E isso não é culpa do Renato, não é culpa do João Paulo. É culpa da minha geração.”

Ronaldo lembra exemplo de Rodrigo Caio

Em seu comentário, Ronaldo Giovaneli lembrou o caso protagonizado por Rodrigo Caio no Campeonato Paulista de 2017. Na ocasião, o então zagueiro do São Paulo tentou marcar o atacante Jô, do Corinthians, e atingiu o goleiro Renan Ribeiro, do próprio São Paulo.

A arbitragem havia assinalado falta de Jô, mas Rodrigo Caio informou no momento que ele havia causado o choque. A manifestação do zagueiro, na época, dividiu opiniões.

“O Rodrigo Caio mostrou para a gente que a gente poderia melhorar”, afirmou Ronaldo. “O Rodrigo Caio foi um profissional espetacular. Eu achei que, a partir do Rodrigo Caro, esse profissional espetacular, as coisas poderiam melhorar”, lamentou.

Para Sgarbi, gol é fruto do tempo de reação.

João Pedro Sgarbi tentou compreender a decisão de Renato Marques – que, segundo ele, precisou reagir à lesão do adversário em “uma fração de segundo”, sem o benefício do replay ou das informações sobre a lesão.

“Para mim, daqui, de onde a gente está, com as imagens, o replay e tudo, é mais fácil falar. O jogador está em uma fração de segundo dentro de campo. Ele está pressionando o goleiro, o goleiro do nada cai. O jogador não tem como adivinhar que o goleiro se machucou”, analisou.

Ainda segundo Sgarbi, “é muito difícil julgar” a decisão. O comentarista, no entanto, acredita que a decisão correta seria jogar a bola para fora “se tivesse a consciência da lesão do adversário”.

Cappellanes evita críticas a Renato Marques

João Paulo Cappellanes disse que achou “ridículo” o tom das entrevistas dos jogadores após a partida. Para o jornalista, as críticas contra Renato Marques passaram do tom.

“Estou achando uma tremenda de uma hipocrisia”, desabafou. “Se o Renato não tivesse feito o gol, seria lindo, rodaria o mundo, ‘olha que bacana’, ‘jogo limpo’. Mas como ele fez o gol, julgar o caráter do sujeito por isso é uma covardia, ainda mais um menino que está começando a carreira”, completou.

Héverton Guimarães lembra maus exemplos de fora

Ao analisar o lance, Héverton Guimarães lembrou casos semelhantes protagonizados por jogadores estrangeiros.

Entre eles, o gol de mão de Diego Maradona na vitória da Argentina sobre a Inglaterra por 2 a 1 na Copa do Mundo de 1986, ou os toques de mão de Thierry Henry na bola na vitória da França por 2 a 1 sobre a Irlanda, em duelo da repescagem que selou a classificação francesa para a Copa do Mundo de 2010.

“Eu só discordo de que é jeitinho brasileiro. Gol de mão de Maradona na Copa não tinha brasileiro. A França foi para uma Copa do Mundo, salvo engano em um jogo contra a Irlanda, com gol de mão do Henry. Entoa, não é o jeitinho brasileiro. Acontece aqui, acontece em qualquer lugar”, lembrou.

Apesar da argumentação, Héverton afirmou que reprova os gestos. “Isso não atenua, não muda o sentido do fair play.”

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