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Na final da Copa do Nordeste, técnico do Bahia sonha com maior título da carreira

Dado Cavalcanti falou à Rádio Bandeirantes sobre duelo com Ceará do amigo Guto Ferreira

Da Redação, com Rádio Bandeirantes

O técnico do Bahia, Dado Cavalcanti foi entrevistado no programa Donos da Bola, da Rádio Bandeirantes. Finalista da Copa do Nordeste, o comandante destaca a reedição da decisão da última temporada contra o Ceará, mas espera que o resultado seja diferente, já que o Vovô levou o título em 2020.

“Estaremos disputando mais uma final de Copa do Nordeste. O Bahia é o maior finalista dessa competição (disputará sua 9ª final), e dessa vez para tentar trazer o troféu para Salvador. Vamos enfrentar mais uma vez o Ceará que também é uma equipe muito forte e estruturada. Essa Copa do Nordeste engrandeceu demais os clubes nordestinos, acirrou ainda mais grandes rivalidades e eu não tenho dúvida de que será uma grande final. Espero que a gente tenha a competência necessária para trazer esse título para o nosso torcedor, já que batemos na trave nos últimos anos”.

Nesta decisão, Dado Cavalcanti enfrentará Guto Ferreira, seu amigo pessoal. O treinador do Tricolor de Aço relembra momentos com o comandante do Vozão e destaca o trabalho do colega adversário.

 “Além de um grande treinador, ele é um grande amigo. Eu sucedi o Guto no Mogi Mirim em 2013. Ele estava em 2012, eu assumi em 2013 na campanha do Campeonato Paulista que chegamos à semifinal e fomos terceiros colocados. Em 2014 aconteceu o inverso. Eu era o treinador da Ponte Preta e o Guto me sucedeu. A gente tem alguns caminhos sendo traçados, nos enfrentamos algumas vezes e agora vamos nos enfrentar de novo. Nós temos muitas similaridades, temos algumas diferenças, é claro. Mas o que eu gosto muito de fazer e sei que o Guto também faz é de tentar extrair o máximo de cada atleta individualmente. Alguns treinadores colocam o coletivo à frente do individual. Eu penso o contrário. Eu penso que o coletivo é a soma das individualidades. Se eu conseguir extrair o máximo do profissional, do que cada atleta pode nos oferecer da sua condição técnica, a condição tática fica muito mais fácil de ser ajustada”.

Apesar dos 39 anos, Dado Cavalcanti já tem 16 anos de carreira profissional e explica como o início precoce e as passagens por clubes menores foram importantes na sua trajetória.

“Eu fui atleta de base, cheguei e me profissionalizei muito cedo. Com 17 anos eu tinha contrato profissional, porém, eu visualizei que minha carreira como atleta foi perdendo brilho, foi perdendo forças e eu carreguei comigo, não quero aqui denegrir nada e nem ninguém, mas eu aprendi muito na base o que não se deve fazer. Tive muitas pessoas bacanas na minha vida profissional, muita gente me ajudou, mas eu entendia que faltava muita coisa para usufruir ou extrair o máximo do ‘meu eu atleta’. Eu visualizava também que minha carreira como jogador de futebol não teria tanto brilho e futuro. Eu tenho a consciência que eu não gostaria de ter o Dado jogador na minha equipe", contou. 

"Eu não sou frustrado, não construí uma carreira como atleta, parei com 21 anos e rapidamente migrei para uma outra linha do futebol. Estagiando, trabalhando em base, fazendo várias funções, conversando muito com as pessoas, aprendendo muito com vários colegas que contribuíram demais até embarcar e tentar o protagonismo como treinador de futebol com 24 anos. Hoje são 16 anos de carreira, tenho 39 e vou farei 40 anos esse ano. Sou muito jovem e tenho muita coisa para aprender. Tenho muita coisa a evoluir ainda, mas já também tenho uma casca boa, uma bagagem bacana. Já trabalhei em grandes clubes, trabalhei em clubes de massa, clube empresa, clube grande, clube pequeno. Então isso trouxe pra mim um know-how muito maior de ter a resolução de problemas internos de forma muito mais passiva. Enveredar muito por esse caminho das conversas, do entendimento das pessoas e extrair o máximo de cada um deles nas nossas equipes”.

Ao analisar o cenário do futebol nacional, Dado afirma não gostar de carregar e dar rótulos para seus companheiros de futebol. O treinador acredita que muitas vezes estes profissionais são desrespeitados, principalmente por causa da idade.

“Eu não sou da condição de rotular e colocar todo mundo no mesmo saco. A gente tem feito isso muitas vezes. A gente rotulou os treinadores mais experientes como ultrapassados, que pra mim é uma covardia, sinceramente. Ao mesmo tempo, nós rotulamos os treinadores mais jovens como futuristas, que nem sempre são, e o treinador estrangeiro idem. Colocamos os treinadores estrangeiros todos no mesmo pacote... Existia uma rivalidade grande entre treinadores teóricos e práticos, era o rótulo do momento. Era aquela coisa assim ‘aquele cara que jogou e aquele cara que não jogou’. Agora o rótulo é ‘treinadores estrangeiros e os brasileiros’, que também não tem nada a ver. Existem bons treinadores estrangeiros, mas existem treinadores estrangeiros que não são tão qualificados, aqui no Brasil idem. Existem treinadores de todas as formas, todos os gostos. Acho uma pena, sinceramente, o quanto que se gasta em tempo em discussões bobas com rótulos. Eu acho que são discussões muito vazias”, opinou.

A dois jogos de conquistar seu maior título na carreira, Cavalcanti enaltece suas outras conquistas e as dificuldades para chegar até uma final. “Estou na final da Copa do Nordeste pela primeira vez e espero, de coração, conquistar esse campeonato. Mas não posso jamais desprezar e menosprezar todos os outros que foram conquistados. Precisa tá lá. Para ganhar, precisa estar lá. Precisa passar pelas dificuldades, precisar largar a família, precisa abrir mão de muita coisa para chegar. Então isso jamais será desvalorizado por mim. Isso será muito importante pra mim, muito importante para o meu clube, o Bahia. É importante demais pro clube voltar a vencer a Copa do Nordeste e vamos tentar fazer da melhor forma possível”.

Além da Copa do Nordeste e do Campeonato Baiano, o Tricolor de Aço também está disputando a Copa Sul-Americana e na última terça-feira, 27, goleou o Guaribá da Bolívia por 5 a 0, assumindo a vice-liderança do grupo com quatro pontos, dois a menos que o Independiente, da Argentina, que venceu o Montevideo City Torque por 3 a 1 na quarta-feira, 28. O técnico do Bahia destacou a importância de vencer pela primeira vez no torneio continental nesta temporada e como esse resultado ajuda no emocional para a partida de ida da final contra o Ceará no dia 1º de maio.

“Nós estreamos com um empate fora de casa e para as nossas pretensões de passar de fase era fundamental vencer em casa. Tive problemas para escalar nossa equipe pela sequência de jogos. Tive de dificuldades de colocar em campo a melhor formação, mas a melhor formação foram os jogadores que trouxeram e deram muita intensidade ao jogo, a gente conseguiu manter um nível de força na competição. Esse resultado foi bem expressivo, porque além de vencer e o saldo de gols que nós conseguimos, que é um critério de desempate, vai dar mais confiança para o jogo de sábado”.

Com o calendário apertado por causa da pandemia da Covid-19, Dado Cavalcanti alega que não quer reclamar disso, pois o Bahia terá muitos jogos por ter se classificado para competições importantes para os cofres e visibilidade do clube.

“Primeiro que a condição de jogar tantas competições nós não podemos reclamar, porque a gente briga tanto para se classificar para a Sul-Americana, para passar de fase na Copa do Brasil e chegando agora não dá muito pra gente ficar reclamando, mas precisamos nos ajustar. Meu ajuste é muito simples. Tentar jogar com o máximo e a melhor condição com os jogadores que estão à disposição. Não existe diferenciação em relação à importância das competições. A Sul-Americana é muito importante para o Bahia. A torcida sonha com um título internacional, sonha com boa campanha, então, é muito importante pra gente seguir essa competição. A Copa do Nordeste estamos na decisão. Não existe como separar uma competição da outra. Eu não sou adepto de poupar para o próximo jogo, porém, eu sou forçado em alguns momentos em não colocar um jogador em campo que não tem condições de dar o seu melhor, jogar 100%. Eu não estou pensando na próxima partida, eu estou pensando nessa mesmo, porque eu quero ter em campo os melhores jogadores, nas melhores condições, para que a gente faça a melhor apresentação”.

A Rádio Bandeirantes transmite o primeiro jogo da final da Copa do Nordeste neste sábado, 1º de maio, às 16h (de Brasília), com narração de Rogério Assis, comentários de Fernando Fernandes e reportagens de Isabelly Moraes.

O Donos da Bola é apresentado na Rádio Bandeirantes de segunda a sexta, das 18h às 19h30 pelo Craque Neto, Gustavo Soler e Gabrielle Guimarães.

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