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Conheça os times semifinalistas da Série A2 do Brasileiro Feminino

Alinne Fanelli

Ariel, do Massa Bruta, em disputa contra o Athletico-PR nas quartas de final Fernando Roberto
Ariel, do Massa Bruta, em disputa contra o Athletico-PR nas quartas de final
Fernando Roberto

A Série A2 do Brasileiro Feminino será retomada nesta fim de semana com os jogos de ida das quartas de final.

Red Bull Bragantino, Atlético-MG, Cresspom e Esmac são os times que estão nesta etapa e, de quebra, conseguiram uma vaga para a elite da modalidade no país em 2022 - com direito a participação na inédita Supercopa do Brasil.

No domingo (15), às 10h, a Esmac receberá o Massa Bruta em Belém, e, às 15h, o Atlético-MG visitará o Cresspom em Brasília.

A BandNews FM contou nas últimas semanas, através do Tem Mulher na Área, um pouco da história desses times e como chegam para as semifinais.

Red Bull Bragantino

O clube tem um projeto recente, criado em março de 2020, para disputa do Paulistão. A equipe chegou até a semifinal e conseguiu a vaga para a segunda divisão do torneio nacional.

Nas quartas de final, o Braga precisou se superar porque perdeu na ida para o Athletico-PR por 4 a 2 e, na volta, devolveu 2 a 0, passando nos pênaltis.

A treinadora Camilla Orlando disse que há um alinhamento no clube em todas as categorias, como é possível ver também no masculino. A ideia é contar com profissionais que desenvolvam atletas. “A gente acredita em jovens atletas, na formação, não somente para o desenvolvimento da modalidade, mas para o DNA do clube. A média da nossa equipe é de 22 anos, grupo jovem com jogadoras em momento de desenvolvimento total."

Camilla jogou nos Estados Unidos e fez uma grande preparação para ser treinadora. Ela tem as licenças C e B da CBF e está tirando a A. Ao abordar a missão de formar atletas, a técnica afirmou que as meninas têm menos tempo de desenvolvimento ainda em comparação com o masculino e que o momento da modalidade no Brasil é de fazer história. “As brasileiras têm um salto grande do sub-18 para o profissional, que é a última categoria de base da modalidade. Se a gente pensa no masculino, o menino tem uns quatro, cinco anos até um sub-23. Por mais que um ou outro atleta desponte, há um caminho para o desenvolvimento. Mas sabemos que é um processo, estamos escrevendo essa história e não tem como ela ser acelerada”, comentou.

A treinadora foi campeã do Brasileiro sub-18 com o Internacional em 2019.

Atlético-MG

Quando criou a modalidade em 2019 pela obrigatoriedade, o Atlético-MG fez uma parceria com um projeto social, o Prointer, que contava com meninas que jogavam campeonatos amadores em campos de terra uma vez por semana.

O elenco foi todo profissionalizado e teve a chegada do técnico Hoffmann Túlio, que começou uma grande trajetória no Galo. Em 2019, o clube foi campeão da Copa BH de futebol amador, em 2020 levou o Mineiro, superando o Cruzeiro, e agora sobe mais um degrau com o acesso.

Nina Abreu, coordenadora do departamento, disse que o planejamento para 2022 já está em pauta. “Não tem como não começar. Já é outra visibilidade, um campeonato com times de muita expressão. O futebol paulista feminino está à frente no país, então, eu já sei que as atletas de alto rendimento precisam ser garimpadas. Estamos trabalhando para isso. Hoffman tem uma experiência grande, o tempo todo envolvido. Com certeza ele está de olho nessas peças e passaremos para as negociações”, declarou.

Jornalista por formação, Nina trabalhou na Federação Mineira de Futebol e conheceu um pouco mais do universo do futebol feminino. Ela destacou muito esse trabalho minucioso do Hoffmann. “Eu não acompanhava a carreira dessas atletas e ele já vem de uma experiência no América, passou pelo Cruzeiro, levou o clube à Série A1. A montagem do elenco desse ano é exclusivamente dele. Claro, tem toda a comissão, preparadores, mas ele consegue trazer as meninas com grandes diferenciais. Ele faz uma grande diferença na beira do campo”, concluiu.

Cresspom

O Cresspom (Clube Recreativo e Esportivo de Sub-Tenentes e Sargentos da Polícia Militar do Distrito Federal) é a equipe mais tradicional de Brasília.

O time foi fundado em 1999 e é o maior campeão do Distrito Federal com sete títulos. A consistência e a seriedade do trabalho são destaque nacionalmente e abriram caminho para a criação de outros clubes locais como o Real Brasília e o Minas Brasília (ambos participaram da Série A1, mas o Minas foi rebaixado).

Treinador do Cresspom, Robson Marinho contou que desde as participações na extinta Copa do Brasil, com o terceiro lugar em 2016 e 2017, o time tinha um elenco sazonal. Porém, há dois anos, existe uma estrutura mais fortalecida. “Nós conseguimos em 2020 e 2021 repetir a base. Temos atletas experientes que agregamos ao elenco e foi a receita perfeita. Há jogadoras como a Bárbara, que já foi campeã pelo Flamengo; a Isa que é revelação. Então, ficou coeso. Agora, é exatamente esse entrosamento adquirido que vai nos possibilitar ser um forte concorrente", pontuou.

Chegar à final seria um sonho para Marinho. “Essa temporada vai terminar em dezembro para nós, mas já estamos com plano para 2022. Queremos criar uma equipe forte porque teremos jogos praticamente o ano inteiro, o que demanda elenco com alta quantidade e qualidade. A ideia é não perder o foco e tentar buscar uma final, que seria a plenitude do sonho. Queremos ter uma equipe que faça história, permanecer na primeira divisão, mas sempre visando atingir objetivos mais altos”, destacou o técnico.

Esmac

A Esmac (Escola Superior Madre Celeste) representará o Pará na Série A1. A equipe é da cidade de Ananindeua, região metropolitana de Belém, mas também treina e manda jogos na capital. 

Há muitos anos, a associação se destaca no futsal e futebol feminino, com 15 títulos estaduais sequenciais no futsal e um nacional.

Desde 2017, o time batalha no campo para chegar à elite. 

Cássia Gouvea afirmou que o começo do campeonato foi difícil, porque o grupo não podia treinar na cidade. “A gente estava sofrendo muitas restrições por causa da pandemia, não havia liberação para que pudéssemos treinar, ainda que muitos times masculinos do estado trabalhavam normalmente. A gente não tinha a liberação porque só disputaríamos o Brasileiro e ele ainda não estava acontecendo. Tivemos que viajar para treinar.”

A chegada à Série A1 será um passo muito importante para a Esmac. No Pará, as atletas ainda não conseguem viver apenas do futebol. Só no ano passado houve a primeira transmissão de TV na final do Paraense e o clube fechou com o primeiro patrocinador. Para a elite do futebol feminino brasileiro, as jogadoras precisão ter carteira assinada. 

Além de incentivar e abrir espaço para outras equipes, a Esmac tentará fazer história em 2022 e o primeiro passo é estrutura para manutenção na Série A1.

Cássia disse que o ponto forte do grupo é a defesa, que sofreu apenas três gols em nove jogos. “Desde o início do campeonato nos preparamos para ser surpresa, porque eu sei que pouquíssimos colocavam a gente como favorito no começo da competição e, aos poucos, fomos mostrando nosso trabalho. Se tivemos condições de chegar até aqui, podemos chegar mais longe. De uma certa forma acho que hoje a gente ajuda ainda mais outros clubes. Nós abrimos a porta para que outros times locais possam passar também.”

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