Alemanha abriga quase 3,3 milhões de refugiados, maior número desde 1950

Balanço oficial foi obtido pelo partido A Esquerda após questionamento ao governo federal. Montante soma refugiados, solicitantes de asilo e tolerados.

Por Deutsche Welle

O Departamento Federal de Administração da Alemanha (BVA, na sigla em alemão), órgão responsável pelo registro de estrangeiros, contabilizou no final de junho de 2023 o recorde de 3,26 milhões de refugiados no país. Somente de janeiro a junho deste ano, 111 mil pessoas buscaram abrigo na Alemanha.

Dois dos fatores que possivelmente influenciaram esse número recorde foram as pessoas que chegaram à Alemanha vindas da Ucrânia devido à guerra , mas, também, a nova lei de oportunidade de residência, em vigor desde 31 de dezembro de 2022 e que impediu que milhares de pessoas fossem deportadas.

Os dados foram divulgados pelo jornal alemão Neue Osnabrücker Zeitung nesta sexta-feira (08/09) e são uma resposta oficial do governo federal a um questionamento do partido A Esquerda.

O número inclui refugiados, refugiados de guerra, solicitantes de asilo e tolerados — pessoas que tiveram processo de deportação negado, mas que não pode retornar ao país de origem por vários motivos, como ameaça de guerra ou de prisão, gravidez ou doença grave, ou por estar estudando ou em treinamento profissional na Alemanha.

Segundo o partido A Esquerda, o número é o maior contingente registrado no país desde os anos 1950. A resposta do ministério do Interior a Clara Bünger, integrante do Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão), ressalta que muitos desses refugiados vivem na Alemanha há anos, ou mesmo décadas.

A quantidade de refugiados da Ucrânia cresceu pouco em seis meses: 29 mil entraram no país. Com isso, o grupo soma agora cerca de um milhão de pessoas. Embora o total de ucranianos que emigraram para a Alemanha tenha sido muito maior do que esse montante, uma parcela já retornou ao país de origem, alega o governo alemão.

Os solicitantes de asilo e os que pediram a admissão no país por razões humanitárias, como, por exemplo afegãos, representam uma pequena parcela dos migrantes: 4 mil pessoas.

Mesmo sem asilo, impossibilitados de voltar

O documento ressalta que o total de pessoas obrigadas a deixar a Alemanha atingiu o menor número em 10 anos. Houve uma redução de 8% nesse indicador. Em 2023, 279.098 pessoas estavam nessa situação.

Um dos motivos para a queda foi a nova lei de permanência adotada pela coalizão que governa o país (social-democratas, verdes e liberais). A medida permite que pessoas com estadia tolerada possam solicitar o visto de residência permanente se tiverem morado na Alemanha por pelo menos cinco anos até 31 de outubro de 2022.

O documento aponta que cerca de 80% das pessoas obrigadas a deixar a Alemanha têm a estadia permitida porque não podem ser deportadas em função da situação no país de origem, por razões legais ou humanitárias, por exemplo.

jm/le (ots)

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