A apreensão inédita de fentanil no Brasil acendeu um alerta nas autoridades de saúde e de segurança pública no país. A substância já gerou uma epidemia nos Estados Unidos: 70% das mortes causadas por overdose são ocasionadas pela droga, usada em anestesias em hospitais.
A droga começou a ser adicionada à heroína na Califórnia na década passada, pelos cartéis mexicanos que controlam o tráfico. Com pouco controle da venda legal e os insumos para a fabricação, o fentanil se tornou uma epidemia nos Estados Unidos e o governo norte-americano começou a distribuir testes para usuários descobrirem se há fentanil nas drogas, para diminuir riscos de overdose.
Ao contrário do crack, estimulante derivado da cocaína, o fentanil é um opióide sintético, de efeito anestésico e mais devastador que o crack. As mortes causada pelo crack geralmente vêm da violência ou da falência de órgãos causada pelo uso contínuo. Já o fentanil provoca a overdose muito facilmente: uma quantidade minúscula da droga pura leva à morte.
Com a apreensão no Espírito Santo, as autoridades se preocupam com a possibilidade de o fentanil ser misturado às drogas aqui no Brasil - como se faz lá fora. Para Arthur Guerra, psiquiatra especialista em álcool e drogas, é preciso evitar o mesmo cenário endêmico dos Estados Unidos.
Apesar da preocupação, especialistas lembram que o Brasil é um dos países mais rigorosos do mundo no controle de venda de medicamentos controlados e que a produção do fentanil é mais complexa, diminuindo o risco da droga se popularizar por aqui. É o que explica a pesquisadora Clarice Madruga.
"O dependente grave ele sempre vai decidir a substância que ele consegue ter em maior quantidade com o dinheiro que tem disponível. Por isso que o crack continua sendo nosso grande problema, a pedra de crack é extremamente barata", pontua.