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Pai diz que ouviu Henry falar que "mamãe não é boa"; Monique chora durante audiência

Mãe do garoto está presencialmente na audiência; sessão teve discussão entre defesa e promotoria

Clara Nery, do Band Notícias, Marcus Sadok, do Brasil Urgente, e Gustavo Sleman, da BandNews FM Rio

Começou nesta quarta-feira (6), no Rio de Janeiro, a primeira audiência do julgamento do caso Henry Borel. A mãe do menino, Monique Medeiros, e o padrasto, o ex-vereador Jairinho, são acusados da morte do menino de 4 anos no dia 8 de março.

O pai de Henry Borel, Leniel Borel foi o quarto a depor, já durante a noite da quarta. A mãe de Henry, Monique Medeiros, acompanha presencialmente a sessão enquanto o padrasto, o ex-vereador Jairinho, participa por videoconferência em Bangu 8. Durante a fala do ex-marido, Monique se emocionou e chorou.

Leniel afirmou que conversou com Jairinho sobre supostas agressões relatadas pelo menino. O engenheiro disse que foi abordado pelo filho após o réveillon de 2020, em que a criança se queixou sobre um "abraço forte" do ex-vereador, chamado por ele de “tio”. 

Segundo Leniel, a primeira conversa entre ele e Jairinho ocorreu no momento em que ele devolvia o filho a Monique. De acordo com o pai do menino, o ex-parlamentar teria prometido parar de dar "abraço forte" na criança. Segundo ele, esse episódio causou alerta e partir desse momento, passou a prestar mais atenção em possíveis hematomas no corpo do filho.

Leniel disse que o filho chorou e vomitou minutos antes de chegar a casa de Monique. Segundo o engenheiro, Henry não queria voltar após terem passado o fim de semana juntos. O episódio ocorreu um dia antes da morte da criança. 

O pai do garoto relembrou que tentou acalmar o filho, falando que a "mamãe é boa". Henry, então, teria respondido que "a mamãe não é boa".

Na ocasião, Monique teria dito que o garoto estava se comportando dessa forma devido a mudança para a nova casa. 

Durante a fala de Leniel, a professora, que acompanha a sessão presencialmente, fechou os olhos e chorou.

Leniel Borel também contou que foi contatado por Monique Medeiros durante a madrugada, enquanto se preparava para pedir um carro de aplicativo para ir trabalhar. Durante o depoimento, o engenheiro disse que Jairinho também falou com ele por telefone, afirmando que Henry estava tendo uma parada respiratória. 

No Barra D'Or, Leniel encontrou o filho numa mesa de cirurgia e questionou Jairinho e Monique sobre o que aconteceu. O ex-vereador contou que o menino havia caído. Leniel afirmou que estranhou porquê Jairinho não fez nenhum tipo de manobra para socorre-lo. O engenheiro soube da morte do filho por volta de 5h30.

Segundo Leniel, a primeira pessoa a chegar no local depois da morte foi o pai de Jairinho, o ex-deputado Coronel Jairo.

Ainda durante a audiência, Leniel disse que se reuniu com as médicas que atenderam Henry. As profissionais teriam dito a ele que a criança já chegou morta à unidade.

O engenheiro contou nesse momento que uma “luz vermelha” se acendeu sobre o que poderia ter ocorrido.

Após a morte de Henry, Leniel Borel disse ter ouvido de Jairinho, ainda no hospital, que a vida devia seguir e que ele "poderia fazer outro filho". O engenheiro contou que, revoltado, foi confortado na ocasião por um amigo da igreja que estava no local.

Leniel disse que a percepção dele sobre a morte do filho mudou após receber o laudo elaborado pelo Instituto Médico Legal. O engenheiro disse que chegou a questionar a um policial se a causa da morte seria natural. A resposta foi negativa por parte do agente.

Juíza critica discussão entre promotor e defesa e diz que audiência "não é CPI"

Durante o depoimento do delegado Henrique Damasceno, responsável pela investigação e primeira testemunha de acusação a ser ouvida, o promotor do Ministério Público Fábio Vieira e o advogado de Monique, Thiago Minagé, discutiram.

A juíza Elizabeth Machado Louro teve que intervir afirmando que não permitiria discussões do tipo. “Aqui não é CPI. Aqui a gente está para ouvir a testemunha", gritou a magistrada, dizendo que não deixaria a sessão “virar um circo” (veja no vídeo acima).

Antes da sessão ser reiniciada, Louro pediu a palavra para esclarecer um suposto mal entendido gerado por uma fala dela durante um princípio de tumulto que ocorreu na audiência. A magistrada explicou que o usou o termo "CPI" sem o objetivo de falar mal dos trabalhos de senadores e deputados. Segundo ela, o objetivo foi falar sobre evitar discussões e gritaria.

No segundo depoimento do dia, da delegada assistente Ana Carolina Medeiros, mais uma vez a juíza da sessão precisou interromper o delegado de defesa de Monique Medeiros, Thiago Minagé. De acordo com a magistrada, o advogado não estava fazendo perguntas para Ana Carolina, mas sim “discursando” sobre o caso.

Em informações tratadas no depoimento, a delegada assistente afirmou que a mãe de Henry não mostrou estar sendo coagida em nenhum momento, nem por Jairo ou por nenhuma outra pessoa. A agente ainda aproveitou a ocasião para relembrar os prints encontrados no celular de Thayná de Oliveira, babá da criança.

Julgamento do caso Henry

Na audiência desta quarta (6), serão ouvidas apenas as testemunhas de acusação. Cinco testemunhas não foram localizadas, entre elas Thayna de Oliveira Ferreira – a babá de Henry teria se mudado e não passou a familiares o novo endereço.

A juíza determinou que as defesas de Jairinho e Monique sejam ouvidas em outra ocasião. Os dois, réus pelo crime, estarão presentes na sessão, mas não serão interrogados.

Mais seis testemunhas devem ser ouvidas ainda entre a noite desta quarta (6) e madrugada desta quinta (7).

A próxima audiência, ainda sem data definida, vai ouvir as testemunhas de defesa. Ao final de todo o processo, a juíza vai decidir se envia o caso para júri popular.

Relembre aqui a cronologia de como foi o caso Henry Borel.

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