O Banco Central Europeu (BCE) anunciou nesta quinta-feira (06/06) um corte de 0,25 ponto percentual nas taxas de juros – o primeiro em cinco anos. Com isso, a taxa de referência na zona do euro agora é de 3,75%, a de refinanciamento ficou em 4,25% e a de empréstimos, em 4,5%.
A região tem penado com a inflação que persiste na região desde a pandemia de covid-19 e a invasão russa da Ucrânia. Para tentar conter a alta dos preços, o BCE elevou a taxa básica de juros diversas vezes a partir da metade de 2022.
Para 2024, o BCE projeta uma inflação de 2,5% – ligeiramente acima dos 2,3% previstos anteriormente e dos 2% fixados como meta. Em 2025, espera que esse índice recue para 2,2% e, depois, para 1,9% em 2026.
A zona do euro abrange 20 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Croácia, Chipre, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta e Portugal.
Nessa área, a expectativa do BCE é que a economia cresça 1,4% em 2025 – um ponto abaixo do previsto em março. Para 2026, a projeção é de 1,6%. Em 2024, esse índice deve ficar em 0,9%, ligeiramente acima dos 0,6% inicialmente previstos.
Segundo o BCE, as "pressões inflacionárias arrefeceram, e as expectativas de inflação diminuíram em todos os horizontes". Ainda assim, o banco alerta que os preços altos continuam a pressionar os consumidores, apesar de aumentos salariais sucessivos. "[O BCE] manterá sua política de taxas restritivas o suficiente pelo tempo que for necessário", consta do comunicado divulgado pela instituição.
Futuros cortes ainda são incertos
Chefe do BCE, Christine Lagarde afirmou em uma entrevista coletiva que o ritmo de cortes futuros ainda é "muito incerto" e que ainda haverão muitos "solavancos no caminho", ecoando avaliações de analistas de mercado, que não esperam uma série de cortes rápidos.
"A inflação persistente vai limitar o espaço para cortes adicionais da taxa, e o pronunciamento do BCE também não dá nenhuma pista sobre o caminho futuro que seguirá", afirmou à agência de notícias AFP o economista Carsten Brzeski, do instituto de análise financeira e econômica ING.
O Banco Central americano (Fed) já sinalizou atraso nos cortes da taxa de juros perante a inflação persistente. O ECB poderia tentar desacelerar seus próprios cortes para também evitar a desvalorização do euro.
ra (AFP, AP, Reuters)