Uma pessoa com deficiência, que estava internada no Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz, na zona oeste do Rio, foi deixada de fraldas e com uma sonda em uma rua próxima da unidade de saúde nesta segunda-feira (10). Segundo testemunhas, o homem teria sido deixado no local por maqueiros.
A professora Tatiana Borges testemunhou a cena quando saía do local e descreveu, em entrevista ao Bora Brasil, o momento que encontrou o homem, identificado como Bernardo. Para ela, ele “foi colocado para fora como lixo” e disse que o que fizeram com o rapaz foi “desumano”.
“Eu já encontrei a cena dos lojistas, do pessoal carregando ele até essa sombra. Ele já estava sem o short, de fralda e uma sonda. Ali, muitos começaram a ficar revoltados, começaram a gravar e mandar para um monte de lugar, até que eu fui orientada a ir até o Conselho Regional. Fui lá, acionei e foram prontamente tentar ajudar”, disse ela.
Tatiana Borges informou que o Conselho Regional contatou o diretor do hospital, que mandou que recolhessem o paciente e informou que não estava ciente do que estava acontecendo.
“E deu uma nota, disse que o paciente era agressivo, que o paciente era reincidente no hospital e que o hospital não tinha mais o que fazer por ele. E alegaram que ele não estava internado. Ele estava lá desde domingo e saiu na segunda, como ele não estava internado?”, perguntou.
“Quando eu fui na coordenação do hospital, eles me informaram que não tinham mais o que fazer com ele e que ele havia solicitado ser colocado para fora. Mas aí eu questiono para você: ele tem condições de decidir alguma coisa, já que ele precisa nitidamente de acompanhante? Ou seja, ele foi colocado para fora como lixo, não tiveram humanização”, completou.
O hospital também alegou, segundo a professora, que não tinha como ter contato com a família do paciente “porque ele não quis”. Porém, o paciente pediu para que não ligassem para ninguém da família, pois era agredido por eles.
Tatiana pontua que a unidade de saúde tem que dar uma solução. “O que eles fizeram com o Bernardo foi desumano, foi covardia porque o cara não tem condição de se defender, não tem condições de andar, de fazer qualquer coisa para tomar uma decisão para ele”, desabafou.
Os funcionários que colocaram Bernardo para fora da unidade de saúde foram demitidos e foi aberta uma sindicância interna para apurar os fatos. Após a denúncia, ele foi transferido para uma unidade de baixa complexidade, mas a Secretaria de Saúde do Rio não informou o nome do local.