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Julgamento da Boate Kiss: DJ se emociona e diz que não sabe como escapou

Além dos 242 mortos, 636 pessoas ficaram feridas na tragédia que aconteceu em Santa Maria, na noite de 27 de janeiro de 2013

Brenda Aurélio, no Bora Brasil

O julgamento do incêndio na Boate Kiss, em Porto Alegre, entra em seu terceiro dia. Quatro depoimentos estão marcados para esta sexta-feira (3), entre eles o do gerente da loja de fogos onde os artefatos acessos na boate foram comprados. Também serão ouvidas uma testemunha do cantor da banda e uma vítima da tragédia (siga o julgamento no vídeo abaixo).


Nesta quinta (2), a espuma que revestia o teto da boate e pegou fogo no incêndio foi o centro das atenções no julgamento. O engenheiro que depôs durante quase cinco horas, fez o projeto acústico da Boate Kiss foi chamado como testemunha. 

Em seguida, o sobrevivente Lucas Cauduro, que trabalhava como DJ no local, também foi questionado sobre a espuma inflamável e de como ele conseguiu deixar a boate. Ele se emocionou, disse que desmaiou, foi pisoteado e não se lembra de como saiu da Boate Kiss. 

Mais de 100 familiares das vítimas estão no tribunal acompanhando o julgamento. No banco dos réus estão o produtor musical Luciano Bonilha, o músico da banda gurizada Fandangueira Marcelo de Jesus dos Santos; e os sócios da boate, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann. 

Eles respondem por homicídio simples com dolo eventual, quando se assume o risco de matar.

A tragédia

No palco da Boate Kiss, em 27 de janeiro de 2013, se apresentava a Banda Gurizada Fandangueira, quando um dos integrantes disparou um artefato pirotécnico, atingindo parte do teto do prédio, que pegou fogo. São réus Elissandro Callegaro Spohr, sócio da boate; Mauro Londero Hoffmann, também sócio; Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da Banda Gurizada Fandangueira, e Luciano Bonilha Leão, produtor musical.

A tragédia, que matou principalmente jovens, marcou a cidade de Santa Maria, conhecido polo universitário gaúcho, e abalou todo o país, pelo grande número de mortos e pelas imagens fortes. A boate tinha apenas uma porta de saída desobstruída. Bombeiros e populares tentavam, de todo jeito, abrir passagens quebrando os muros da casa, mas a demora no socorro acabou sendo trágica para os frequentadores.

A maior parte acabou morrendo pela inalação de fumaça tóxica, do isolamento acústico do teto, formado por uma espuma inflamável, incompatível com as normas de segurança modernas, que obrigam a instalação de estruturas produzidas com materiais antichamas.

Desde o incêndio, as famílias dos jovens mortos formaram uma associação e, todos os anos, no dia 27 de janeiro, relembram a tragédia, a maior do estado do Rio Grande do Sul e uma das maiores do Brasil.

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