Violência contra população LGBTQIA+ tem aumento de quase 40% no Brasil

Número é do Atlas da Violência, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Por Cesar Cavalcante

Segundo o Atlas da Violência, divulgado nesta terça-feira (18) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 22 pessoas LGBTQIA+ foram vítimas de violência por dia no Brasil em 2022 – quase uma a cada hora. 

Esse número representa um aumento de quase 40% em relação ao ano anterior. Foi o segundo pior ano em registros desse crime desde o início da série histórica, iniciada há 10 anos.

O estudo, que conta com dados da saúde e não de delegacias, mostrou ainda que quase 7 em 10 vítimas eram mulheres, incluindo mulheres trans, e que as pessoas negras são as maiores vítimas.

Em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) enquadrou a homofobia e a transfobia como crimes de racismo e determinou que, em caso de homicídio doloso, pode haver qualificação, por configurar motivo torpe.

Crimes no Sacomã, em SP

Na semana passada, Leonardo Rodrigues Nunes, de 24 anos, foi morto a tiros após cair em um golpe e ser assaltado, na zona sul de São Paulo. O jovem havia marcado um encontro por um aplicativo de relacionamento voltado para o público LGBTQIAPN+.

“Estamos vivendo em um mundo em que o ódio é direcionado para pessoas que são pretas, pobres e gays. Meu filho é mais uma vítima”, lamentou o pai do rapaz.  

A polícia investiga pelo menos outros três assaltos praticados pela mesma quadrilha. Nas redes sociais, há vários relatos do tipo, na mesma região, no Sacomã. Um deles disse que foi obrigado a se deitar no chão e passar a senha do celular. Outro afirmou que os criminosos fizeram compras com o cartão de crédito.  

Para o pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública Dennis Pacheco, apesar de os casos serem enquadrados como crimes de roubo e, no caso de Leonardo, ser investigado como latrocínio, muitas dessas vítimas marcam encontros escondidos por causa do preconceito.

“Não existe alguém disposto a pegar na mão dessas pessoas e levá-las até um lugar de conforto, segurança. Esses dados revelam isso, essa incapacidade da vítima LGBT de mobilizar sentimento de compaixão”, explicou.

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