Notícias

Como o aumento do consumo de cerveja indica melhora da economia brasileira

Com as altas na renda média per capita e no PIB, o brasileiro passa a gastar mais com serviços e produtos não essenciais, a exemplo da cerveja, cujo consumo cresceu em 2023

Por Édrian Santos

Como o aumento do consumo de cerveja indica melhora da economia brasileira
Economista explica por que o consumo de cerveja pode refletir situação econômica do país
Jcomp/Freepik

O resultado positivo do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, relativo ao segundo trimestre de 2024, de 1,4%, surpreendeu os analistas. Na prática, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia melhorou, cenário influenciado, também, pelo consumo das famílias. Em paralelo, houve o aumento recorde da renda média per capita da população, em 2023, que chegou a R$ 1843.

Com mais dinheiro no bolso, o brasileiro tende a gastar com produtos e serviços não essenciais, como lazer, beleza, restaurantes e... cerveja. Este último item, portanto, é o ponto central desta reportagem, pois o consumo da bebida pode ser um sintoma de que a economia do país melhora ou piora.

Economista comenta

Quem explicou essa relação do consumo da cerveja com o cenário econômico foi o professor Paulo Feldmann, da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP). Entre outras características, o especialista consultado pelo Band.com.br destacou a preferência do brasileiro pela bebida, o que torna o país o terceiro maior consumidor do mundo, segundo o Relatório Global de Consumo de Cerveja, da Kirin Holdings.

“O aumento no consumo de cerveja, com certeza, é resultado da melhora na economia, mas de uma melhora que resultou no aumento de renda das camadas mais populares. Justamente, essas classes C, D e E são as que mais consomem cerveja. Com isso, quando elas têm renda disponível, elas aumentam o consumo de alguns itens, principalmente alimentos e cerveja e outras bebidas”, considerou Feldmann.

O economista também prevê o aumento da renda em 2024, em comparação a 2023. Conforme a análise de Feldmann na entrevista, isso influenciará na alta do consumo de cerveja este ano.

O Brasil é um dos maiores consumidores de cerveja do mundo, e o brasileiro gosta muito de cerveja. Quando as pessoas com renda mais baixa, menos de R$ 3 mil, R$ 4 mil por mês de renda, têm alguma disponibilidade, elas consomem mais cerveja (economista Paulo Feldmann)

Crescimento em 2023

Um levantamento da Nielsen, empresa que atua com pesquisas sobre o comportamento do consumidor, mostrou que a venda de cerveja cresceu 1,1% em 2023, no Brasil, na comparação com 2022. Ao todo, foram 112 milhões de hectolitros da bebida vendidos.

Além do consumo das famílias, a indústria foi outro destaque no PIB do segundo trimestre. O crescimento foi de 3,9%. O Band.com.br procurou o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv) para questionar dados de vendas do setor em 2024, mas o presidente-executivo da entidade, Márcio Maciel, informou que os números ficam restritos às empresas associadas.

Por outro lado, Maciel ressaltou a importância da boa saúde financeira do país, o que permite que a indústria cervejeira apresente bons indicadores. Atualmente, o setor representa 2% do PIB e gera 2,5 milhões de empregos diretos, indiretos e induzidos.

Costumamos dizer que, se a saúde financeira do brasileiro está boa, a indústria da cerveja também está bem. Isso porque a cerveja é a bebida preferida pelo brasileiro nos momentos de confraternização entre familiares, amigos, colegas de trabalho (Márcio Maciel, presidente-executivo do Sindicerv)

Otimismo em 2024

Com o entusiasmo acerca das previsões quanto ao PIB deste ano, com crescimento entre 2,7% e 2,8%, conforme espera o governo, a indústria da cerveja se mantém otimista, não só quanto às vendas, mas também em relação à aproximação com o público brasileiro. Para isso, investimentos estão no radar do setor.

“Com mais investimentos, conseguimos entregar produtos mais adequados aos brasileiros. Prova disso é o aumento da produção da cerveja sem álcool. Passamos de 394 milhões de litros em 2022 para 551 milhões de litros em 2023. Além da cerveja zero álcool, temos as cervejas com matéria-prima nacional, como as bebidas feitas com mandioca, seriguela, milho, abacaxi”, ressaltou o presidente-executivo do Sindicerv.

Tópicos relacionados

Mais notícias

Carregar mais