CPI da Pandemia: Renan diz que algumas testemunhas passarão a ser investigadas

CPI: Testemunhas passarão a ser investigadas, segundo Renan

Da Redação, BandNews TV e BandNews FM

O relator da CPI da Pandemia, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou nesta sexta-feira (11) que a comissão do Senado que investiga ações e possíveis omissões do governo federal no combate à pandemia, vai avançar de fase e deve mudar a condição de algumas pessoas que já prestaram depoimentos de testemunhas para investigados. As informações são de Erick Mota, da BandNews TV.

“A partir de agora, nós vamos, com relação a algumas pessoas que por aqui já passaram, tirá-las da condição de testemunha e colocá-las definitivamente na condição de investigadas”, afirmou o senador.

O senador não especificou nomes, mas existem pessoas que já estão sendo especulados nesta condição pelos senadores, como o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e o ex-secretário de comunicação do governo, Fabio Wajngarten.

Segundo a legislação, as pessoas que foram ouvidas na comissão na condição de investigados poderão ficar em silêncio e não responder aos questionamentos, já que não são obrigadas a produzir possíveis provas contra si, diferentemente da condição de testemunhas, quando são obrigadas a falar a verdade.

A comissão aprovou na última quinta-feira (10) diversos pedidos para quebra do sigilo telefônico e telemático de alvos da investigação pela comissão do Senado. Entre eles, estão o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo. A Advocacia Geral da União decidiu recorrer da decisão ao STF e vai consultar quem da lista vai aderir à ação.

Na CPI, médica diz que tratamento precoce "ilude as pessoas"

A CPI da Pandemia encerrou a semana com os depoimentos do ex-presidente da Anvisa Cláudio Maierovitch e da pesquisadora Natália Pasternak, da Universidade de São Paulo, nesta sexta-feira (11).

O relator da CPI, senador Renan Calheiros, aproveitou para responder falas do presidente Jair Bolsonaro contra o uso da proteção facial, e também contra as vacinas.

Nas palavras do senador, o chefe do Executivo foi flagrado fazendo lobby para fabricantes de medicamentos e, em uma tentativa de gerar cortina de fumaça, criticou a principal medida de prevenção contra a Covid-19.

Ao ser questionado sobre essa declaração do presidente da República, Cláudio Maierovitch apontou que existem diversos estudos que comprovam que mesmo os imunizados ou aqueles que já tiveram a doença podem contrair novamente a Covid-19 de forma grave.

“Mesmo pessoas que tiveram infecção e vacinadas, podem voltar a ter infecções e voltar a ficar doentes. Em geral estudos feitos com vacinas, verificaram a possibilidade de um novo adoecimento. Nós ainda temos pouca informação sobre a possibilidade de nova infecção sem sintomas e sabemos que não existe vacina com eficácia de 100%", disse.

Os depoimentos tratam principalmente do uso de medicamentos ineficazes contra a Covid-19 e que foram adotados no chamado "tratamento precoce", além das vacinas que já estão em uso no País e das chamadas ações não-farmacológicas.

Sobre a cloroquina, a médica Natália Pasternak destacou que, mesmo com a comprovação de ineficácia, foram feitos diversos testes para o uso desse medicamento contra a Covid-19:

“A gente fez estudos em humanos, inclusive de tratamento precoce que são os estudos de PEP (Profilaxia Pós-Exposição) e PREP (Profilaxia Pré-Exposição)".

Ela explicou que o primeiro estudou as pessoas depois da exposição ao vírus e com tratamento imediato. Já o PREP analisou aqueles com grande exposição ao vírus, como profissionais da saúde. Segundo ela, “não dá ser mais precoce que isso. Não funcionou”.

A pesquisadora também alertou sobre os riscos que a defesa de tratamentos com ineficácia comprovada contra a Covid-19 podem causar ao criar “uma falsa sensação de segurança". Esse tipo de crença, para ela, dificulta a conscientização das pessoas sobre as medidas sanitárias que precisam ser adotadas.

“A crença de que existe uma cura fácil, simples, barata e rápida, que seria o sonho de todos nós, que bom se isso fosse verdade, ilude as pessoas, cria uma falsa sensação de segurança e leva as pessoas a um comportamento de risco.”

Natalia Pasternak: "O negacionismo da ciência mata"; assista

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