Crise climática: Austrália vai acolher cidadãos de país que pode desaparecer

Tuvalu, nação insular no Oceano Pacífico, pode sumir do mapa em até 100 anos devido ao aumento do nível do mar provocado pelas mudanças climáticas. Cooperação também envolve defesa e segurança.

Por Deutsche Welle

A partir de agora, cidadãos da nação insular de Tuvalu, na Polinésia, terão direito de residência permanente na Austrália. O principal motivo é que o pequeno país de apenas 11 mil habitantes corre o risco de sumir do mapa devido às mudanças climáticas que provocam o aumento do nível do mar. Especialistas temem que o arquipélago possa ficar completamente submerso em 100 anos.

O acordo entre os dois governos entrou em vigor nesta quarta-feira (28/08), embora já tivesse sido assinado em novembro do ano passado. É a primeira vez que um país assume o compromisso legal de ajudar Tuvalu.

O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese , descreveu o acordo como um "momento histórico e de orgulho para os dois países". "Juntos somos mais fortes e podemos confiar uns nos outros nestes tempos difíceis", afirmou.

O chefe de governo de Tuvalu, Feleti Teo, classificou o documento como "inovador". Ambos estão em Tonga, onde participam do Fórum das Ilhas do Pacífico (FIP).

Outros tipos de ajuda

Segundo o acordo, a cada ano, 280 tuvaluanos, ou seja, cerca de 2,5% da população do arquipélogo, poderão passar a viver, trabalhar ou estudar na Austrália com um visto especial.

O governo australiano também se comprometeu a fornecer assistência caso o arquipélago solicite ajuda em uma emergência, como um desastre natural, uma pandemia ou um ataque militar.

Em troca, Tuvalu prometeu acordar com a Austrália qualquer novo envolvimento com governos estrangeiros quando se tratar de defesa e segurança. A China, em particular, está fazendo grandes esforços para expandir sua influência no Pacífico Sul.

EUA têm acordos semelhantes

Tuvalu consiste em nove ilhas e está localizado a cerca de 3.500 quilômetros a nordeste da Austrália. O arquipélago tem uma altura média de apenas dois metros acima do nível do mar. Seu ponto mais alto se eleva a apenas cinco metros do mar, o que faz o conjunto de ilhas correr o risco de sumir do mapa, pois o nível do mar no Pacífico Sul está subindo muito rapidamente como resultado do aquecimento global.

Os EUA firmaram acordos semelhantes a esse com Estados particularmente vulneráveis do Pacífico, incluindo Palau e as Ilhas Marshall. Isso envolve apoio econômico, mas também troca de acesso militar a áreas marinhas estrategicamente importantes.

lr/le (dpa, rtr, ots)

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