Disputa pelo Essequibo: Maduro mobiliza 5,6 mil militares

Após o Reino Unido enviar navio da Marinha à Guiana, presidente venezuelano acusou descumprimento de acordo e respondeu à "provocação" com exercício militar. Itamaraty reagiu com nota pedindo "respeito e diálogo".

Por Deutsche Welle

Disputa pelo Essequibo: Maduro mobiliza 5,6 mil militares
Manfestação na venezuela a favor da anexação de Essequibo
Leonardo Fernandez Viloria/File Photo/Reuters

Após o Reino Unido enviar um navio da Marinha em direção à Guiana, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou nesta quinta-feira (28/12) a mobilização de mais de 5,6 mil militares para participar de um exercício "de defesa".

Segundo Maduro, que tem cobiçado parte do território da Guiana, a ação é uma "resposta à provocação e ameaça do Reino Unido contra a paz e a soberania" da Venezuela.

Os dois países sul-americanos protagonizaram nas últimas semanas um novo capítulo na disputa centenária pelo Essequibo, uma região rica em recursos naturais e que perfaz mais de 70% do território da Guiana.

Após o regime de Maduro realizar um referendo que preparava o terreno para uma eventual anexação da área, no início de dezembro, os dois países acabaram concordando em reduzir as tensões e resolver o litígio pela via diplomática.

Uma fonte do ministério de Relações Exteriores da Guiana afirmou à agência de notícias AFP que o navio HMS Trent deve chegar à costa do país nesta sexta e ali permanecer por "menos de uma semana" para exercícios de defesa em mar aberto.

O ministério britânico da Defesa não confirmou a chegada da embarcação em águas guianesas, mas havia dito anteriormente que o navio de patrulha cumpriria "uma série de compromissos na região" da Guiana.

Acordo assinado há duas semanas

Em comunicado, Caracas rechaçou categoricamente a presença do navio britânico na costa da Guiana, classificando a presença da embarcação na região como "extremamente grave" – a Guiana foi colônia britânica até 1966 – e uma violação dos acordos assinados em 14 de dezembro entre Maduro e o presidente guianense, Irfaan Ali, em São Vicente e Granadinas.

Caracas pediu ainda a Georgetown "que tome medidas imediatas para retirar o navio HMS Trent e se abstenha de continuar a envolver potências militares na controvérsia", alertando a Comunidade do Caribe (Caricom) e a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), mediadores do último acordo, que as ações "são contrárias ao espírito de paz e compreensão".

O Brasil, que foi um dos mediadores do entendimento entre Venezuela e Guiana, emitiu na sexta uma nota em que conclama os dois países "à contenção, ao retorno do diálogo e ao respeito ao espírito e à letra" da declaração assinada em São Vicente e Granadinas.

A nota, publicada no site do Itamaraty, lembra que os dois países se comprometeram a não utilizar "da força ou da ameaça do uso da força", e que concordaram "em cooperar para evitar incidentes no terreno e medidas unilaterais que possam levar a uma escalada da situação".

"O governo brasileiro acredita que demonstrações militares de apoio a qualquer das partes devem ser evitadas, a fim de que o processo de diálogo ora em curso possa produzir resultados."

ra/le (AFP, EFE, ots)

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