Estudo revela insatisfação dos alemães com educação escolar

Falta de recursos e inércia do sistema educacional estão entre as maiores queixas, assim como dificuldade de adaptação ao maior número de alunos de origem migratória ou com problemas de aprendizado.

Por Deutsche Welle

Os alemães estão cada vez mais insatisfeitos com a qualidade da educação escolar em seu país, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (31/08) pelo Instituto de Pesquisas Econômicas (Ifo), com sede em Munique.

O levantamento registrou um recorde no baixo índice de aprovação para o sistema educacional nos estados alemães.

Na Alemanha, as notas dadas pelos professores aos alunos vão de 1 a 6, sendo a nota 1 a mais alta. A pesquisa do Ifo concluiu que somente 27% dos entrevistados deram notas entre 1 e 2 ao sistema educacional dos estados onde vivem.

O resultado representa uma queda significativa em comparação à mesma pesquisa realizada em 2014, quando 38% dos participantes avaliaram o ensino em seus estados com as duas notas mais altas.

Quase quatro em cada cinco entrevistados (79%) avaliam que a educação escolar foi negativamente impactada pela pandemia de covid-19. A ampla maioria relatou problemas como a falta de professores (77%), de recursos financeiros (68%) e a inércia do sistema (66%) como sendo os maiores problemas enfrentados pelas escolas alemãs.

Mais alunos com dificuldades

Ao mesmo tempo, um estudo da Nova Iniciativa Social e de Livre Mercado (INSM), um think tank ligado ao instituto econômico alemão IW, alertou para o aumento do número de alunos com dificuldade de aprendizado nas escolas do sistema de educação do país.

A INSM analisou testes de leitura e de compreensão auditiva de alunos do quarto ano do ensino fundamental entre 2011 e 2021, e concluiu que a Baviera é o único estado onde houve progressos mínimos, com a segunda melhor avaliação entre os 16 unidades federativas. O melhor resultado foi registrado no estado da Saxônia, e os dois piores, em Berlim e Bremen.

Segundo o estudo, a queda, de modo geral, é particularmente alta entre as crianças oriundas de famílias com baixo nível de educação escolar ou de origem migratória.

O autor do estudo, Axel Plünnecke, avalia que as creches e escolas alemãs "ainda não encontraram uma boa resposta para o fato de os alunos se tornarem cada vez mais heterogêneos".

Ele afirma que pequenos avanços em infraestrutura nos primeiros anos escolares e na educação em tempo integral não seriam suficientes. "Há falta de qualidade em todas as atividades diárias e no apoio específico", observou.

Maior ênfase no idioma alemão

O IW ressalta a necessidade de mais apoio às crianças que enfrentam dificuldades, especialmente no aprendizado do idioma alemão, com a adoção de medidas como mais autonomia para as escolas e mais opções de educação de alta qualidade em tempo integral.

O chefe do INSM, Thorsten Alsleben, também pede pré-educação obrigatória para "todos os que não falam ou falam mal o idioma alemão".

Os pesquisadores ressaltam a necessidade de implementação imediata dessas medidas nas creches e nos primeiros anos do ensino fundamental, de modo a assegurar um mercado de trabalho estável no futuro.

rc (KNA, Reuters)

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