Os Estados Unidos transferiram para a Ucrânia um carregamento de munições de baixo calibre que havia sido apreendido em um navio cargueiro no ano passado. O material havia sido originalmente enviado pelo Irã para os rebeldes houthis do Iêmen, que são apoiados pelo regime de Teerã.
A transferência da munição apreendida ocorre num momento em que Kiev cobra por mais assistência militar dos aliados ocidentais, e o governo do presidente democrata Joe Biden vê a oposição republicana à ajuda se tornar mais barulhenta.
"O governo dos EUA transferiu aproximadamente 1,1 milhão de cartuchos de 7,62 mm para as forças armadas ucranianas", disse o Comando Central das Forças Armadas (Centcom) americanas em um comunicado divulgado na quarta-feira (04/10).
Cartuchos de calibre 7,62 mm são usados em rifles e metralhadoras leves da era soviética.
Embora o número pareça significativo, a carga, enviada na segunda-feira, representa apenas uma pequena porcentagem das centenas de milhões de munições já fornecidas pelos aliados ocidentais à Ucrânia. Os EUA, por exemplo, já forneceram a Kiev mais de 200 milhões de projéteis e granadas.
A munição enviada nesta semana havia sido confiscada pelas forças navais dos EUA em dezembro de 2022, enquanto estava "sendo transferida da Guarda Revolucionária Iraniana para os houthis no Iêmen", disse o Centcom. A carga estava em um navio sem bandeira chamado Marwan 1.
"O governo obteve a propriedade dessas munições em 20 de julho de 2023, por meio das reivindicações de confisco do Departamento de Justiça" contra a Guarda Revolucionária, acrescentou.
O Irã apoia os rebeldes houthis na atual guerra civil do Iêmen, mas o envio de armas para o grupo foi proibido por uma resolução de 2015 do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A guerra civil no Iêmen começou em 2014, quando os houthis assumiram o controle da capital, Sanaa, e removeram o governo do país. O governo deposto continua sendo a autoridade internacionalmente reconhecida e é apoiado por uma coalizão liderada pela Arábia Saudita, assim como pelos EUA e pelo Reino Unido.
Futuro da assistência à Ucrânia em dúvida
O Pentágono também disse na terça-feira que os Estados Unidos podem continuar atendendo às necessidades militares da Ucrânia por "um pouco mais de tempo" com a assistência que já foi autorizada, mas que a ação do Congresso é necessária para que a ajuda continue no longo prazo.
A oposição republicana nos EUA à assistência à Ucrânia levou os parlamentares americanos a excluírem novos fundos de ajuda de um projeto de lei aprovado no fim de semana para evitar a paralisação do governo dos EUA, e não se sabe exatamente quanto tempo durará o apoio autorizado anteriormente.
A aprovação de financiamento adicional é ainda mais complicada devido ao caos sem precedentes na Câmara dos Deputados dos EUA, que derrubou seu presidente nesta semana.
O Pentágono diz que o governo ainda tem poderes para transferir 5,4 bilhões de dólares em equipamentos para a Ucrânia dos estoques militares dos EUA, mas apenas 1,6 bilhão de dólares em financiamento para substituir o equipamento doado.
As autoridades americanas vêm liderando o esforço de apoio internacional à Ucrânia, formando rapidamente uma coalizão para apoiar Kiev após o início da guerra de agressão da Rússia no ano passado e coordenando a ajuda de dezenas de países.
Washington já destinou mais de 43 bilhões de dólares em assistência militar à Ucrânia desde que Moscou lançou sua invasão em grande escala em fevereiro de 2022 – mais da metade de toda a ajuda internacional ao país.
jps (DPA, AFP, ots)