O Hamas destampou o demônio da garrafa. Depois de surpreender Israel, provavelmente está surpreendido com o que ele próprio desencadeou.
Nesta terça-feira (10) foi revelada a quantidade de corpos dos invasores de Israel que não voltaram para Gaza: 1.500. O exército israelense convocou mais de 60 mil reservistas, que se somam aos 300 mil iniciais, que eram considerados já muitos.
O serviço árabe da rádio e TV de Israel está divulgando rotas para sair de Gaza aos palestinos civis que queiram escapar do inferno.
Gaza está sob cerco, sem mais fornecimento de energia, água e mantimentos pelas portas da fronteira com Israel.
Lembra o cerco do terceiro exército egípcio pelo general Ariel Sharon, no contra-ataque da guerra do Yom Kipur, há 50 anos. Foi preciso o protesto unânime de vários países na ONU para que fosse aberto um corredor de entrada de água e comida.
A praxe sempre foi a troca de um refém israelense, vivo ou morto, por vários prisioneiros palestinos. Mas, e agora? O Hamas recolheu corpos de soldados mortos, e os levou para Gaza.
Mas Israel anunciou que tem 1.500 corpos palestinos: em que termos se dará a troca? Há militares do Hamas presos em Israel, alguns de alta patente, e em Gaza também os há, israelenses. Poderão ser trocados um pelo outro? Vai depender que valor cada um dá a seus soldados.
Israel trocou algumas vezes um dos seus por centenas dos outros. Os reféns são outro grave problema. A ONU quer convencer o Hamas a devolver crianças, mulheres e idosos. Até agora não há notícia de avanço em negociações.
Israel está negando as notícias de que teria aberto diálogo para troca de prisioneiros, reféns e corpos. E está com pressa de prosseguir no seu objetivo de aniquilar o Hamas, militarmente.
Aí também entra um componente político: o premiê Netanyahu precisa de uma vitória permanente sobre Gaza para contrapor à derrota estrondosa dos serviços de inteligência que permitiram a invasão do Hamas.
As sirenes de ataques aéreos de Gaza soaram desde três da manhã até agora, 8h10. Guerra que segue.