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Finlândia e Suécia oficializam candidatura à Otan, mas enfrentam objeção turca

Turquia surpreendeu aliados ao se opor à adesão da Finlândia e Suécia à Otan, além de acusar os países abrigam grupos ligados ao terrorismo

Da redação com Reuters

A Finlândia e a Suécia solicitaram, formalmente, a adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança militar do Ocidente, nesta quarta-feira (18), na sede da entidade. A decisão foi estimulada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, mas os dois países enfrentam objeções da Turquia a um processo de adesão que deve levar apenas algumas semanas.

Neutras durante a Guerra Fria, a decisão da Suécia e da Finlândia de aderir à Otan é uma das mudanças mais significativas na arquitetura de segurança da Europa em décadas. Isso reflete uma alteração radical na opinião pública da região nórdica desde a invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro.

"Este é um momento histórico, que devemos aproveitar", disse o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, em uma breve cerimônia na qual os embaixadores sueco e finlandês na aliança entregaram suas cartas de candidatura, cada um em uma pasta branca estampada com sua bandeira nacional.

"Acolho calorosamente os pedidos da Finlândia e da Suécia para aderir à Otan. Vocês são nossos parceiros mais próximos, e sua adesão à Otan aumentará nossa segurança compartilhada", disse Stoltenberg. A aliança considera que a adesão da Finlândia e da Suécia a fortaleceria enormemente no Mar Báltico.

Com os pedidos formalmente apresentados, os países nórdicos e seus muitos apoiadores enfrentam agora meses incertos onde quaisquer resistências às suas candidaturas precisam ser superadas, com todos os 30 membros da Otan precisando aprovar a ampliação da aliança.

A ratificação pelos parlamentos dos países aliados poderia demorar até um ano, dizem os diplomatas.

Objeção da Turquia

A Turquia surpreendeu seus aliados nos últimos dias dizendo que tinha reservas quanto à adesão da Finlândia e da Suécia, dizendo que os dois países abrigam indivíduos ligados a grupos que ela considera terroristas e que atacam os embargos à exportação de armas impostos a ela após a incursão da Síria em 2019.

Stoltenberg disse na quarta-feira acreditar que essas questões podem ser resolvidas.

"Estamos determinados a trabalhar em todas as questões e chegar a conclusões rápidas", disse Stoltenberg, observando o forte apoio de todos os outros aliados às candidaturas dos países nórdicos.

Procurando levar adiante o processo de adesão, o ministro da Defesa da Suécia já se dirigiu a Washington e será seguido pela primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, e pelo presidente finlandês, Sauli Niinisto, no final desta semana.

Os países esperam que a rápida ratificação pelos Estados Unidos, principal potência da aliança, ajude a facilitar seu caminho para a adesão, após a Casa Branca manifestar confiança de que quaisquer obstáculos podem ser superados.

Revés para a Rússia

A decisão de buscar um lugar na Otan representa um revés para a Rússia. Ao contrário do que previa o Kremlin, a guerra na Ucrânia desencadeia uma ampliação das fronteiras da Otan em direção aos limites russos, justamente um dos motivos apontados por Moscou para invadir o país vizinho.

Até agora, a resposta de Moscou tem sido, inesperadamente, silenciosa, depois de alertar anteriormente sobre medidas de natureza "militar-técnica" e que poderia implantar armas nucleares em seu exclave europeu de Kaliningrado caso Suécia e Finlândia aderissem à Otan.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse, na segunda-feira (16), que a adesão sueca e finlandesa à Otan não representava nenhuma ameaça para a Rússia, mas advertiu que Moscou responderia se a aliança ocidental incrementasse a infraestrutura militar nos países nórdicos.

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