A burocracia fez com que 120 kg de queijo fossem parar no lixo em São Luiz do Paraitinga, a 674 km de São Paulo.
Câmara fria vazia, freezers também. A queijaria de Paulo Lemos, na cidade do interior paulista, foi interditada por fiscais da Secretaria Estadual de Agricultura. No começo do mês, eles apreenderam e destruíram toda a produção: 120 kg de queijo e nove de requeijão, avaliados em aproximadamente R$ 20 mil.
“A cada queijo que eu faço ali, são 10 litros de leite. Então não só 120 quilos de queijo, são 1.200 litros de leite que eu tirei”, lamentou o empresário.
Nas redes sociais, chefs renomados e artistas lamentaram a destruição dos alimentos. A secretaria afirmou que isso aconteceu porque a queijaria não tem registro em nenhum serviço oficial de inspeção e não segue as normas de fabricação.
Mas Paulo garantiu que busca o registro há dois anos e não consegue.
Ainda de acordo com o governo do estado, para regularizar a produção, o proprietário da fazenda foi orientado a fazer o registro no Sisp (Serviço de Inspeção Estadual). Mas para se adequar às exigências do estado, a produção teria que deixar de ser tradicional e se transformar em industrial.
“O estado, por ter uma visão muito industrializada, ele não consegue contemplar esse pequeno produtor, não consegue entender que ‘não, eu não quero crescer’”, explicou Paulo sobre os motivos de manter a produção do modo artesanal.
A Secretaria Municipal de Agricultura disse que está trabalhando no processo para regulamentar o SIM – serviço que inspeciona os produtos agropecuários de origem animal. Entretanto, alega que a pandemia dificultou as discussões com os produtores rurais.