A crise da 123 Milhas atingiu em cheio a rede hoteleira, que começava a se recuperar das perdas dos últimos anos de pandemia de Covid-19. A agência de viagens, que prejudicou milhões de clientes que compraram pacotes promocionais e entrou com pedido de falência na Justiça deixou diversos empresários sem ver os pagamentos.

Os pagamentos para pousadas e hotéis estão suspensos por 180 dias. Na pousada em que João Gallucci trabalha, os valores de reservas feitas para os próximos meses não devem cair no caixa. Então, João tenta negociar com os clientes. “A gente está sugerindo para os hóspedes uma nova reserva conosco. Estamos oferecendo um voucher de 50% para eles utilizarem, mas a gente tá colocando do bolso esse dinheiro”, explica. 

O tamanho da dívida é proporcional ao tamanho da empresa. Na pousada administrada por João tem débito de R$ 10 mil, enquanto uma rede espanhola de hotéis tem mais de R$ 12 milhões para receber. O maior impacto, no entanto, deve ser em pequenas pousadas e hotéis. 

“Às vezes o hotel não tem uma margem de manobra que um estabelecimento com uma estrutura maior tem. Aquilo que para um grande hotel pode ser uma perda que não vai afetar muito, para uma pequena pousada pode representar a continuidade do negócio dele”, afirma Fernando Guinato, vice-presidente da Associação Brasileira Indústria Hotéis São Paulo