A Medida Provisória que reformula os ministérios de Lula passou pelo Senado com folga, nesta quinta-feira (1º). Mesmo com o resultado positivo, os problemas do governo com o Congresso continuam.
Entre Senado e Câmara, foram dois dias de tensão e correria para o governo. O alívio só veio no começo desta tarde, cerca de 11 horas antes da medida provisória perder a validade.
O placar folgado, no entanto, não traduziu o clima no Congresso. A MP foi aprovada na Câmara apenas nesta madrugada, após a liberação recorde para um só dia de R$ 1,7 bilhão em emendas dos parlamentares. E somente depois do presidente fazer o que relutava: entrar pessoalmente na articulação política.
Lula conversou com o presidente da Câmara, com deputados da base, além de pressionar os aliados a entregar votos favoráveis. Na Câmara, o placar foi de 337 votos a favor e 125 contrários.
Nesta quinta-feira, o presidente Lula falou em confiança no Congresso.
“Nós conseguimos aprovar a organização do governo com muito mais votos do que a gente esperava e será assim em outras votações, porque nós nesse governo respeitamos o Congresso Nacional e achamos que o Congresso Nacional não pode ser submisso ao governo. Ele não tem obrigação de aprovar o que eu quero, eles têm obrigação de aprovar aqui que eles também entende que deva ser aprovado”, disse.
No Planalto e na Câmara, a avaliação é de que o susto do governo, ter uma MP importante a ponto de perder a validade, serviu de lição. A avaliação é de que o episódio escancarou falhas que Lula não tinha percebido ou evitava perceber.
A principal delas, segundo líderes da própria base, é a demora no cumprimento dos acordos fechados com parlamentares. A reclamação é de que até hoje, nomeações e emendas, combinadas ainda na época da transição, seguem represadas na Casa Civil.
Na conversa com Arthur Lira, o presidente prometeu agir. Na madrugada, logo depois da votação na Câmara, Lira foi duro.
“Importante que se diga, deixe claro, que daqui para frente, o governo vai ter que andar com suas pernas. Não haverá nenhum tipo de sacrifício”, afirmou.
O governo garantiu os 37 ministérios na Esplanada, mas com mudanças, principalmente nas pastas de Meio Ambiente e dos Povos Indígenas. Os parlamentares também evitaram a extinção da Funasa, entidade que tradicionalmente abriga aliados políticos do governo.