No começo da noite francesa desta segunda-feira (20), as ruas de Paris voltaram a ser palco de confrontos violentos entre manifestantes e policiais. O franco-brasileiro Rodolphe Veira foi agredido várias vezes em um dos protestos. O rapaz ficou preso por três dias, sem a polícia passar nenhuma informação à família.
“Me empurraram, subiram em cima de mim, começaram a bater em mim. Eu falava para parar e eles não paravam de me bater, eram tabefes”, conta Rodolphe. A mãe dele diz que passou por momentos de tensão à espera do filho. “A angústia que a gente passa….eu não dormi durante três noites e, por telefone, conversando, só pedia o meu filho", relembra a mãe do jovem.
A revolta tomou conta dos trabalhadores depois que o governo de Emmanuel Macron sobreviveu a duas moções de censura na Assembleia Nacional. A truculência da polícia já rendeu a prisão de mais de 800 pessoas.
Uma das propostas, feita pela líder da direita Marine Le Pen, não foi votada por falta de quórum. Na outra, partidos de centro e de oposição conseguiram 278 votos, nove a menos que o necessário. Com isso, a reforma da previdência, aprovada por Macron na base da canetada semana passada, foi oficializada.
A partir de 2030, a idade mínima para se aposentar na França passará de 62 para 64 anos. Caso as moções tivessem sido aprovadas, a reforma imposta por Macron seria anulada e o presidente teria que destruir todo o gabinete.
As manifestações não devem acabar tão cedo na França. As maiores centrais sindicais do país já acertaram uma grande paralisação geral para esta quinta-feira (24).