Jornal da Band

Frete para compras on-line chega a ser quatro vezes mais caro para nordestinos

Popularização do e-commerce encontra obstáculo no preço da entrega aos consumidores

Por Roberta Scherer

A popularização do e-commerce no país encontra um obstáculo: o preço do frete. Principalmente para os moradores do norte e nordeste. Enquanto para os brasileiros do sul e sudeste as compras online são simples, mais baratas e com entrega rápida, quem mora em Porto Velho espera 12 dias por um produto que chega em Curitiba em apenas seis dias.  

A pesquisa é da Proteste, Associação Brasileira De Defesa Do Consumidor, que simulou compras nos 13 principais varejistas brasileiros com envio para 20 cidades em 10 estados. As capitais de todos os estados pesquisados mostraram melhor desempenho em tempo e valor de entrega do que municípios do interior. Considerando as regiões, sudeste e sul lideram em eficiência e preço, seguidos do centro-oeste, nordeste e norte. Nessa última região, a variação do frete pago pode chegar a 341% na comparação com o sudeste.

Aos consumidores. Carina Stefani dos Santos, executiva de contas da Proteste, aconselha: melhor mesmo é pesquisar preço, comparar e não se entregar ao impulso da compra com desconto online sem considerar o preço do frete.

A frustração  entre os consumidores existe. Moradora do Recife, Carina Stefani dos Santos, que é executiva de contas, contou à reportagem que já desistiu de compras quando se deparou com o tempo de espera para chegada do produto. Disse, inclusive, que há lojas que prometem frete grátis para todo o Brasil e que não cumprem com a promessa, quando a consumidora informa o CEP da região em que mora na página de entregas, é cobrada.

Quanto ao valor, o Procon-SP informou que como no Brasil não existe controle ou tabelamento de preços de produtos ou serviços, cada empresa está livre para cobrar o que considerar adequado de frete. No caso específico da consumidora de Recife, a falta de explicação detalhada ou o não cumprimento da oferta é possível registrar uma reclamação no Procon do estado ou na plataforma consumidor.gov.br, do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

O motivo da diferença entre os estados é que, com a maioria dos centros de distribuição localizados no sudeste, quanto mais longe, mais caro. Além disso, o volume de compras é muito desigual no país. CEO de umas das maiores empresas de logística e transportes de cargas do país, Bruno Tortorello afirma que a maior diferença está no transporte utilizado, de aeroviário ou rodoviário.

Uma alternativa é a compra com retirada em pontos de apoio perto de casa. Empresas de logística podem oferecer entregas em locais como mercadinhos e lojas parceiras, onde o consumidor vai buscar seu pacote, deixando o frete mais barato mesmo em regiões afastadas.

Tópicos relacionados