Pelo menos sete pessoas morreram após o tumulto no aeroporto de Cabul, no Afeganistão, nesta segunda-feira (16). São cenas de puro desespero, que viralizaram nas redes sociais (veja acima).
Milhares de afegãos invadiram o aeroporto internacional de Cabul na esperança de fugir do país, tomado pelo Talibã, que retomou o controle do Afeganistão após 20 anos de ocupação americana. Uma multidão tentava forçar a entrada em aviões. Teve gente que tentou se agarrar a uma aeronave das forças armadas americanas. Uns viam ali a única chance de fugir.
Em um avião que leva no seu número o 1109, relembrando o fatídico 11 de setembro, as imagens mostram um homem que não desistiu e preferiu encarar a morte para fugir. Esse vídeo registrou um corpo caindo do céu. Pelo menos três pessoas acabaram morrendo nessa “operação suicida”.
Forças americanas e de coalizão assumiram o controle do aeroporto e suspenderam voos domésticos e internacionais. A prioridade é retirar diplomatas e funcionários de embaixadas.
Para o povo afegão, vale tudo pra tentar fugir. As ruas da capital ficaram congestionadas. Mas nenhuma saída leva à liberdade. Houve dezenas de relatos de tiros. Toda Cabul está sitiada pelo grupo fundamentalista, que adota uma interpretação radical do islã.
Mais de 60 governos assinaram um documento pedindo para que o Talibã permita que pessoas deixem o país.
Imagens da mídia local mostram as lideranças do grupo tomando o palácio presidencial, depois que o presidente Ashraf Ghani fugiu do país. Em uma tentativa de afugentar o medo, o Talibã promete adotar moderação.
“Agora é hora de provar que somos capazes de servir nossa nação. Queremos dar serenidade e melhorar a vida de todo o país", disse o cofundador do Talibã Mullah Baradar Akhund.
Na reunião de emergência do conselho de segurança da ONU, o secretário-geral Antônio Guterrez afirmou que a prioridade é oferecer suporte aos civis. Antonio Guterres demonstrou preocupação especialmente com a situação das mulheres e das meninas no Afeganistão.
Mulheres do país temem perder direitos políticos, educacionais e sociais conquistados nos últimos 20 anos. Antes da ocupação americana, meninas eram impedidas de frequentar escolas tradicionais e forçadas a casamentos arranjados. O Talibã insiste que as leis não serão as mesmas agora, mas comerciantes já começaram a tirar as imagens de mulheres de salões de beleza e lojas de roupa, pelo medo de punição.
Nos Estados Unidos, serão tempos de muitas explicações. A decisão da retirada das tropas americanas teve início ainda no governo Trump, que negociou com o Talibã. Biden assumiu e continuou com a agenda.
As imagens atuais do Afeganistão mostram que a transição foi desastrosa e sem planejamento.
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