A decisão do Banco Central em concretizar a primeira queda na Selic em três anos já era esperada. Mas a deliberação do órgão mostra unanimidade no entendimento de que há margem na redução do percentual da taxa básica de juros, apesar da divergência na votação do percentual entre os membros do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central).
A analista de economia Juliana Rosa destacou no Jornal da Band que o Banco Central indicou estar certa a decisão de seguir cortando a taxa Selic nos próximos meses. Há um consenso por espaço para mais reduções nas próximas reuniões, com os juros podendo terminar 2023 abaixo dos 12% - a decisão desta quarta (2) baixou a taxa para 13,25%.
A dúvida era de como seria a reação da ala mais conservadora do BC após a entrada de Gabriel Galípolo e Ailton de Aquino Santos, indicados pelo governo Lula em julho, na direção do órgão. A votação foi apertada sobre o valor da redução (cinco votos para 0,5% e quatro 0,25%), mas o presidente do BC, Roberto Campos Neto, optou pelo corte maior em seu voto.
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em junho, o indicador ficou negativo em 0,08% e acumula 3,16% em 12 meses depois de chegar a bater 12% na metade de 2022.
Porém, a analista relembrou que o Brasil tem a maior taxa de juros real do mundo - atualmente em 6,68%. Esse índice é calculado descontando-se o percentual da inflação sobre a taxa de juros nominal.