A produção industrial brasileira teve alta de 0,3% em maio, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (04) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O jornalista Eduardo Oinegue, apresentador do Jornal da Band, falou da crise da indústria do país e mostrou dados sobre o tombo do setor nos últimos 12 anos, mesmo com o crescimento populacional vivido no período.
"Tem um dado nesse estudo sobre a indústria que é uma loucura. As fábricas estão produzindo hoje no Brasil quase 20% a menos do que produziam há doze anos. Só que, nesses doze anos, a população cresceu 6,5% e o mercado interno está maior. Era para a indústria estar vendendo mais aqui dentro, mas não vende. Podia estar vendendo para fora, de repente, já que a nossa exportação no mesmo período aumentou 30%. Só que não vende para fora também", disse Oinegue.
"A população aqui está comprando produtos importados - e o que a gente podia exportar de produtos industriais está sendo feito por outros países, onde não tem custo Brasil, onde não tem essa carga tributária, onde não tem essa insegurança jurídica que a gente conhece bem. Tudo isso fazendo a indústria ser menos competitiva. Além dos defeitos que ela tem, claro. Para complicar, tiram o crédito e entucham a maior taxa de juros do mundo. Surpreende que ainda tem indústria nesse país", concluiu Oinegue.
A comentarista Juliana Rosa também falou dos números da produção industrial brasileira e lembrou da oscilação dos últimos meses - a alta em maio veio depois de uma queda de 0,6% registrada em abril. Em relação a maio de 2022, o setor teve avanço de 1,9%.
"A produção da indústria brasileira cresceu em maio, mas está uma gangorra esse ano. Em maio, teve crescimento de 0,3% na comparação com abril. Antes, caiu. Depois, subiu e caiu de novo. O que significa essa gangorra? Sobe e desce, no final, não sai do lugar. A produção da indústria no ano acumula queda de 0,4%", disse Juliana no Jornal da Band.
"O que está acontecendo? O setor industrial é o que mais sofre com os juros altos. Com o crédito caro, fica difícil comprar produtos da indústria que normalmente são parcelados: geladeira, máquina de lavar roupas, insumos da construção civil, carro nem se fala. O que tem se destacado no ano e foi destaque no mês é petróleo e minério de ferro, que dependem mais de consumo externo e variam muito. Máquinas e equipamentos crescem no mês, mas acumulam queda no ano, que representam investimentos, expansão das fábricas. O que se espera é que os juros em queda a partir do mês que vem possam começar a ajudar o setor e toda a economia", completou Juliana.