Mais 75 pacientes serão selecionados para participar de um tratamento revolucionário contra o câncer que está em teste no Brasil. A terapia pode ser ampliada para outras doenças. Com o câncer já espalhado pelo corpo, o publicitário Paulo Pelegrino, de 61 anos, estava prestes a receber cuidados paliativos. Submetido a terapia celular CAR-T, um tratamento pioneiro contra a doença, teve remissão completa do linfoma em um curto período de tempo.
Tem doenças que sabem enganar muito bem o sistema imunológico. O câncer é uma delas. Células tumorais passam despercebidas por mecanismos de defesa. Só que agora, com o avanço da ciência genética, somos capazes de programar células para enxergar e destruir os inimigos.
“Utilizamos as próprias células do paciente contra as células do câncer”, explica o pesquisador Vanderson Rocha.
Pesquisadores brasileiros estão desenvolvendo essa nova técnica para combater leucemia e linfoma. Até agora, 14 pacientes já participaram do estudo e mais 75 serão selecionados para mais uma etapa. Todos que fizeram o tratamento tiveram remissão de pelo menos 60% do câncer.
Na próxima fase da pesquisa, a modificação das células será feita em laboratórios do Instituto Butantan, na capital paulista, e da Universidade de São Paulo, no interior, em Ribeirão Preto Se tudo der certo e os resultados continuarem promissores, o novo tratamento poderá estar disponível pelo SUS daqui a dois anos.
Os cientistas trabalham para expandir a técnica para enfrentar vários tipos de doenças. “Hoje já tem estudos pra lúpus, artrite reumatoide, outras doenças de fundo imunológico”, destaca Dimas Covas, coordenador do Centro de Terapia Celular Cedip-USP. “E tem pra doenças infecciosas também. Tem estudos acontecendo, por exemplo, em relação ao HIV."
O comerciante Sérgio Eloy é testemunha de que a nova técnica funciona. Após oito anos de terapias convencionais, ele estava quase sem esperança. “É muito difícil você não ver o amanhã. Agora tenho esperança, minha vida está normal, 100%.”