A partir de hoje, 160 mil cobradores e motoristas de ônibus municipais e intermunicipais poderão ser vacinados contra a Covid-19 no estado de São Paulo. Só na capital, 182 funcionários da categoria perderam a vida para o vírus. Há três semanas, os trabalhadores ameaçaram entrar em greve caso não fossem contemplados com a imunização.
Como o transporte público não parou, essa é uma das categorias que mais corre risco todos os dias. O Dimas é motorista de ônibus há 35 anos e perdeu vários colegas para o vírus: "Uns 15 mais ou menos, entre cobrador e motorista".
O cotidiano do transporte público na cidade mais movimentada do país é de superlotação. Para quem leva tanta gente, o medo vira rotina.
"Ah sim, muito. A gente tem família, é um medo de levar a doença para os próprios filhos", afirma a cobradora Maria do Rosário.
Na cidade de São Paulo, nenhuma categoria perdeu mais trabalhadores para a Covid-19 que a de motoristas e cobradores de ônibus públicos. Foram 182 óbitos. O número é superior comparado às mortes de profissionais da saúde que estão na linha de frente, como médicos e enfermeiros.
Os dados são do Sindicato dos Motoristas, com base em informações da Secretaria de Saúde. Nessa terça-feira, a categoria, em todo o estado, começou a ser vacinada contra a Covid-19. O Marcos, que é motorista, comemora. Ele sabe bem do que a doença é capaz: "Fiquei 7 dias no servidor público. 60% do pulmão comprometido, tive trombose e tudo". Ele diz que se adoeceu no trabalho.