Na véspera da CPI da Covid, PGR denuncia governador do Amazonas por crimes durante a pandemia

Bolsonaro tem dito que mandou verba aos Estados, mas levanta a possibilidade de corrupção

Da Redação, com Jornal da Band

Na véspera da instalação da CPI da Pandemia no Senado, a Procuradoria-Geral da República denunciou à Justiça o governador do Amazonas, Wilson Lima, seu vice e mais e mais 16 pessoas por crimes na compra de respiradores. 

A argumentação da Procuradoria Geral da República é exatamente a defesa do Governo Bolsonaro na comissão: a PGR vê suspeita de desvio de mais de R$ 2 bilhões de reais na aquisição. A acusação é de que se instalou no estado uma "organização criminosa", que teria fraudado a compra de respiradores. 

Jair Bolsonaro tem dito que mandou dinheiro para os governadores, mas levanta a possibilidade de corrupção. Nesta segunda-feira (26), na inauguração do trecho de uma rodovia no interior da Bahia, o presidente afirmou que o coronavírus está sendo usado para “dominar a população”. 

"Tá chegando a hora de o Brasil dar um novo grito de independência, porque não podemos admitir alguns ‘pseudo-governadores' querer impor a ditadura no meio de vocês, usando do vírus para subjugá-los”, disse. 

Enquanto Bolsonaro discursava, o ministro da Saúde falava a uma comissão do Senado. Marcelo Queiroga foi na direção contrária e pediu o fim de desentendimentos. 

“Tudo o que nós não precisamos nesse momento é polêmica. Nós precisamos passar uma mensagem harmônica pra nossa sociedade”, argumentou o ministro. 

Alguns atritos, no entanto, vêm do próprio Planalto: causou surpresa na oposição um documento para ser usado na CPI. A Casa Civil listou 23 pontos que devem ser abordados na comissão, como acusações de negligência (como na crise no Amazonas) e negacionismo à ciência. São 5 itens além do que os oposicionistas já apresentaram em planos de trabalho. Governistas afirmam que a intenção é deixar ministros e a base com um discurso unificado. 

A base da investigação vai ser a demora na vacinação, os motivos que levaram o governo a não fechar contratos antecipados com laboratórios, a insistência da Saúde com remédios sem comprovação científica, além dos gastos da União, Estados e municípios no combate à pandemia. 

O Planalto dedica especial atenção a Eduardo Pazuello. A Casa Civil prepara um dossiê com todas as medidas tomadas e explicação de outras que não foram implementadas durante sua gestão no Ministério da Saúde. A ideia é blindá-lo. Mas o fato de o ex-ministro ainda ser general da ativa incomoda as Forças Armadas, segundo o vice-presidente Hamilton Mourão, em entrevista ao jornal valor econômico. 

“Eu disse pra ele que ele deveria ter pedido transferência pra reserva, isso ele deveria ter feito”, opinou. 

A CPI vai ser instalada nesta terça-feira (27). Dos onze titulares, só quatro são alinhados com o Planalto: Ciro Nogueira (PP-PI), Eduardo Girão (Podemos-CE), Marcos Rogério (DEM-RO) e Jorginho Mello (PL-SC). Outros 3 são da oposição: Otto Alencar (PSD-BA), Humberto Costa (PT-CE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e quatro da ala independente - Eduardo Braga (MDB-AM), Renan Calheiros (MDB-AL), Omar Aziz (PSD-AM) e Tasso Jereissati (PSDB-CE). 

Omar Aziz, do PSD, é o favorito para a presidência e Renan Calheiros, do grupo oposicionista do MDB, para a relatoria – apesar de liminar concedida pela Justiça contra sua nomeação concedida por pedido da ala bolsonarista. A investigação deve ser dividida com sub-relatores. 

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