Jornal da Band

Não é impressão: alta nos preços de corridas com app é estratégia de motoristas

Cancelamento de solicitações ajuda a aumentar valores e a cobrir despesas dos trabalhadores

Da Redação, com Jornal da Band

Quem usa carro de aplicativo sabe como está cada vez mais difícil conseguir uma corrida. O motorista cancela, demora muito, o preço fica mais alto... Se você já passou por isso, saiba que seu caso não é isolado.

Daniel Rocha e Luana Lopes foram se vacinar nesta sexta-feira (30) contra a Covid-19 em São Paulo, e a volta para casa foi por um app de viagem. Pelo trajeto, o preço foi de 12,95.

“Era mais barato. Ia dar uns R$ 8”, diz Daniel, vendedor.

“Demora mais, cancela mais as viagens”, aponta Luana, que é arquiteta. “Antes eu chamava, demorava uns três minutos para chegar, no máximo. Agora está demorando quase dez.”

Não é impressão. Quando várias corridas são recusadas em uma região, o aplicativo aumenta o valor da tarifa para atrair mais carros. Isso se tornou uma estratégia de alguns motoristas para lucrar mais frente ao aumento de despesas.

“Eu escolho corrida. Ultimamente, então, nem se fala”, admite o motorista Roger da Silva. “Antes, quando o combustível estava mais em conta, você não escolhia tanto. Você ia fazendo. Hoje você tem que ter uma estratégia”, completa.

Os gastos excessivos, com os aumentos seguidos no preço da gasolina, fizeram com que um a cada quatro motoristas de apps desistissem da profissão em São Paulo. E vem mais prejuízo por aí: a Prefeitura da cidade deverá cobrar uma taxa extra por embarque para ampliar a arrecadação, o que pode deixar as corridas mais caras e gerar mais custos aos consumidores.

“Em janeiro eu gastava em torno de R$ 1,8 mil com combustível no mês. Esse último mês, eu gastei R$ 3.560 só de combustível”, argumenta Marcelo César, que também dirige carro de aplicativos na capital paulista.

“Acaba levando de 45% a 50% do lucro efetivo. Muito difícil, com certeza”, lamenta.