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Obras sacras retiradas de Salvador e que teriam ido parar em São Paulo viram disputa na Justiça

Quadros tombados pelo IPHAN na Bahia apareceram misteriosamente no Museu Afro Brasil, na capital paulista

Por Ramon Ferraz

Obras sacras retiradas de Salvador e que teriam ido parar em São Paulo viram disputa na Justiça
Obras teriam sido retiradas de igreja
Reprodução/Band

Cinco obras de arte tombadas pela Bahia se tornaram motivo de disputa na Justiça após desaparecerem e surgirem misteriosamente no Museu Afro Brasil, em São Paulo. Os quadros, que retratam São Francisco, São Domingos de Gusmão, São Luís, Santa Clara e Santa Isabel de Portugal, teriam sido retiradas ilegalmente da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco. 

A retirada é considerada ilegal porque o templo e tudo o que pertence a ele são tombados pelo IPHAN. Vanessa Previtera, procuradora da República, indica que os quadros são os mesmos que apareceram em São Paulo. "Não tenho dúvida, pois até as dimensões são iguais aos dos espaços destinados a eles na igreja", diz.

O livro de registros da igreja relata que as obras foram encomendadas ao pintor baiano José Teófilo de Jesus, no século XIX, para proteger as esculturas dos mesmos santos em painéis, nos altares laterais. 

As investigações sobre o roubo começaram em 2019, após a denúncia de um funcionário do museu em São Paulo. O Ministério Público e a Polícia Federal descobriram que as pinturas chegaram por meio de Emanoel Araújo, artista plástico baiano, que era detentor de um grande acervo afro. 

Nos depoimentos, Emanoel se contradisse, dizendo primeiro que havia comprado as obras em um antiquário. Depois, que foi troca particular. Ele não tinha nenhuma nota fiscal das pinturas. Quando ele morreu, em 2022, o acervo dele, incluindo os quadros em investigação, foi vendido a uma empresa do setor imobiliário e de obras de arte. 

O Ministério Público pediu pagamento de R$ 1 milhão em danos morais coletivos, além da devolução das obras à igreja baiana. Até o julgamento final, as pinturas estão sob guarda no Museu Afro Brasil. 

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