Jornal da Band

Prevenção e tratamento contra o câncer evoluem e trazem esperança a pacientes

No quarto episódio de 'Câncer - virei paciente', Cesar Cavalcante mostra teste que prevê a doença e até uma vacina

Por Cesar Cavalcante

Como acreditar na cura do câncer quando a realidade desafia todas as expectativas e esperanças? Paulo Pelegrino, de 61 anos, foi contra esta dura realidade e diz que “ressuscitou várias vezes”. Durante 13 anos, ele conviveu com o câncer e agora está em remissão com um tratamento inovador no Brasil. Fui conhecê-lo para o quarto episódio da série ‘Câncer - virei paciente’. 

Paulo enfrentou primeiro um câncer de próstata, e, depois, um linfoma em 2018, que se espalhou. Mas, em maio deste ano, está com remissão total, graças ao tratamento Car-T Cel. “Eu me vejo agora com uma missão, entendeu? Eu acho que o que eu eu passei ao longo desse tempo todo... muitas vezes eu me perguntava porquê, estou muito feliz, por isso também porque as pessoas estão vendo uma esperança”, celebra Paulo. 

O publicitário de 61 anos fez quimioterapia e transplante de medula óssea, mas nada deu tanto resultado como o Car-T Cel. Células de defesa do corpo dele foram usadas para atacar a doença. Para entender melhor o tratamento, Vanderson Rocha, hematologista, explica que as células são ‘armadas para agir contra os tumores’. 

“Desses tumores a gente tira as células T, arma as células T contra esses tumores, e reinjeta nos pacientes. Então, essas células T são modificadas em laboratório. Geneticamente, então é uma terapia gênica, de uma certa forma, e é uma imunoterapia”, explica. 

No SUS, 15 pacientes já passaram pelo tratamento e o número deve aumentar. A parceria da USP com o Instituto Butantan estuda 3 tipos de cânceres: leucemia linfoblástica B, linfoma não Hodgkin de células B e mieloma múltiplo. A terapia custa cerca de R$ 2 milhões. 

O próximo desafio é diminuir esse valor. Meta que depende de investimento e de muito trabalho e suor dos pesquisadores. O próprio Vanderson tem como estímulo a experiência de um câncer no pâncreas. “Me sensibilizo mais, porque já passei por isso. Tive câncer três anos atrás e estou aqui justamente para ajudar”, diz, emocionado. 

Outros métodos modernos combatem o câncer

Além da quimioterapia tradicional, outros métodos para combater o câncer são: a cirurgia de retirada do tumor ou de todo o órgão, como foi meu caso, em que retirei o meu estômago, a radioterapia - que emite doses controladas de radiação para atacar o DNA das células malignas, e a imunoterapia, que ativa o próprio sistema de defesa do paciente.

Sigo em tratamento de olho nas descobertas, que dão ânimo à comunidade científica e esperança a milhões de pacientes, como eu. Uma delas desenha o cenário de uma vacina contra o câncer.

Antonio Carlos Buzaid, diretor médico-geral do Centro de Oncologia da Beneficência Portuguesa, explica como a vacina funciona. “Não é para evitar o câncer, é para tratar, tira a ‘camuflagem do bandido’. Todo câncer ocorre porque o sistema imune falhou. Ou ele não viu o bandido ou viu e não foi capaz de eliminar ou não viu e não foi capaz de eliminar”, afirma. 

Diagnóstico precoce também evoluiu

Quando se fala em câncer, o diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento. Felizmente, isso aconteceu comigo. Descobri o tumor no estômago depois de uma endoscopia. Pelo mundo, pesquisadores também estão desenvolvendo métodos para descobrir tumores antes que eles se revelem, é o caso do PanSeer. 

“O teste PanSeer consegue prever quem vai ter um câncer de intestino, de pulmão, de fígado, de estômago cinco a sete anos antes desse câncer aparecer”, explica o oncologista Fernando Maluf. 

Outros exames que podem salvar vidas são: Mamografia - para detecção precoce do câncer de mama - deve ser feita por mulheres entre 50 e 69 anos, a cada dois anos. Para os homens, é recomendado procurar um urologista para exames aos 45 anos - para quem tem histórico de câncer na família - ou então aos 50 anos. 

E para ambos os sexos, é indicada a colonoscopia - na prevenção de câncer colorretal - a partir dos 45 anos. Mas para quem tem familiar de primeiro grau com histórico da doença, a recomendação é examinar 10 anos antes da idade em que o familiar recebeu o diagnóstico.

No Brasil, o câncer é hoje a segunda principal causa de morte - atrás das doenças cardiovasculares. Pesquisadores acreditam que, até o fim da década, ele possa se tornar a doença que mais mata. No mundo, uma em cada seis mortes está relacionada ao câncer. Então, o que fazer hoje? Hábitos saudáveis e cuidado com a saúde geral são a principal arma de prevenção.

Paulo Hoff, oncologista e presidente da Oncologia D'Or, explica como os hábitos ajudam a evitar o câncer. “Melhora dieta das pessoas, estimula o exercício, vamos trabalhar na redução da poluição. Vamos trabalhar na vacinação das crianças contra esses vírus que são previníveis com vacina e que podem a longo prazo trazer câncer”, diz. 

Confira os outros episódios de ‘Câncer - virei paciente’

Primeiro episódio:

Segundo episódio:

Terceiro episódio:

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