Jornal da Band

'Se sobrevivi, posso qualquer coisa': a vida de quem enfrenta ondas gigantes

Medo, respeito pela natureza e adrenalina andam lado a lado na rotina dos atletas da modalidade Tow-In

Por Amanda Martins

Medo e respeito pela natureza são as sensações que só quem enfrenta a imensidão do mar consegue descrever. Atletas de Tow-in, modalidade do surfe em que o atleta se arrisca em ondas gigantes, descrevem que a adrenalina da atividade dá a sensação de se estar vivo. 

Michelle Des Bouillons, que é surfista e atual campeã em Nazaré, vila portuguesa com as maiores ondas do mundo, descreve a sensação de pegar uma onda de quase 15 metros. “É muita adrenalina, o tempo todo. Todo mundo com a mesma sintonia, que seja uma performance incrível, que a gente pegue a maior onda do ano”, diz. 

“Dentro da água é muita mistura, adrenalina, euforia, excitação, medo, concentração e o pós, é só alegria”, afirma Michele. 

Mas no Tow-in, o surfista não está sozinho. Um outro atleta em um jet ski coloca o outro na onda e depois faz o resgate. Ian Cosenza, parceiro de Michele, sabe bem o que é isso, a parceria é no mar e na vida. 

“Eu acho que o fato de eu fazer parceria com a mulher da minha vida, isso me puxou muito na minha pilotagem, na precisão, no comprometimento. É uma pessoa que tem muito amor envolvido. Isso me puxa a evoluir e me faz cada vez mais ser dedicado”, explica. 

“Se sobrevivi a isso, posso qualquer coisa”

A sensação de conseguir enfrentar as ondas gigantes é semelhante às grandes escaladas de Rafael Ninja, que é instrutor. Para ele, a sensação é de estar vivo. “Me sinto mais disposto a fazer qualquer coisa depois de tomar um susto. O coração volta ao lugar, até penso: 'Caraca mané, se sobrevivi a isso, posso qualquer coisa”, diz. 

A vontade de sentir cada vez mais adrenalina fez Ninja dar mais um passo e, agora, sem cordas ou equipamento de segurança. No ‘Free Solo’, o escalador não pode errar. “Fazer algo que você tem consciência do risco, dá mais adrenalina com certeza. Qualquer coisa que põe a vida em risco, dá uma adrenalina. Estar ali sabendo que não tem nada me segurando”, afirma. 

Adrenalina pode explicar coragem para enfrentar ondas e montanhas

O hormônio da adrenalina, misturada com a endorfina, liberadas em altas quantidades, pode ser a explicação para sempre estar pronto para enfrentar as ondas e montanhas. É o que explica a neurologista Thais Coelho. “Quando ela junta com a adrenalina, aí pronto, dá uma sensação de prazer grande, que acaba até ativando áreas importantes do nosso cérebro”, diz. 

Essas áreas lidam com tomada de iniciativa, tomada de decisão e planejamento estratégico. “O esporte radical vai exigir um extremo planejamento, né? Um check-list muito pontual, afinal, qualquer erro pode levar à morte”, explica. 

Adrenalina vicia? Confira no primeiro episódio da série do Jornal da Band:

Paraquedistas explicam paixão por atividade radical:
 

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