Jornal da Band

Tiradentes foi propagador da liberdade

Conspiradores se reuniam escondido para bolar um jeito de se livrar de Portugal

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A história é viva e a cada nova descoberta dos pesquisadores, personagens conhecidos, como Tiradentes, ganham outras nuances. 

Vila Rica, 1789. Um grupo de conspiradores se reuniu escondido para bolar um jeito de se livrar de Portugal. Eram proprietários rurais, mineradores, advogados, padres, poetas, escritores, todos muito estudiosos.

Eles não concordavam, de jeito nenhum, com os impostos cobrados pela Corte. Um quinto de todo ouro extraído ficava com a Coroa Portuguesa.

Também eram sonhadores que, inspirados pelo Iluminismo europeu e pela Independência Americana, defendiam uma Minas Gerais independente. Queriam implantar a república.

O movimento criou a bandeira que diz “Liberdade”. Ainda que tardia. no passado aquele triângulo era verde.

A "Conjuração Mineira" foi a rebelião mais conhecida do Brasil, sem mesmo ter acontecido. é que um dia antes da revolta. O esquema foi descoberto.

Os conspiradores da linha de frente foram condenados à morte. Mas depois a rainha, Dona Maria I, voltou atrás e eles foram expulsos do Brasil. Grande parte foi para a África, em um exílio perpétuo.

O pior sobrou mesmo para o Alferes Joaquim José da Silva Zavier: o Tiradentes.

Em 21 de janeiro de 1792, Tiradentes foi enforcado no Rio de Janeiro. 

Como se não bastasse, ele ainda foi decapitado e esquartejado. Era a Corte Portuguesa mostrando o poder que amedrontava seus súditos.

“Imagina, ele andava por todos os lugares e abriam as janelas do pensamento, insuflando liberades. Isso para a Coroa Portuguesa é imperdoável”, contextualiza a historiadora Heloisa Starling.  

Divulgador da Liberdade

Mas por que apenas Tiradentes pagou a pena capital, se todos os outros estavam no mesmo barco? 

“Ele foi o único homem a realmente assumir participar da Inconfidência Mineira”, afirma o historiador André Figueiredo Rodrigues. 

E por que ele foi enforcado no Rio de Janeiro?

“Ele foi preso no dia 10 de maio e estava no Rio de Janeiro”, explica Rodrigues. 

Partes do corpo foram deixadas em locais diferentes. No "caminho novo" da estrada real, que liga o Rio de Janeiro a Ouro Preto (MG). “Eles vão botar pedaços nos trechos da Estrada Real e aí está na sentença: “onde ele praticou infames práticas”. Quais eram as práticas de Tiradentes? Divulgar a liberdade”, conta Starling. 

Os tropeiros e viajantes paravam para descansar no trajeto. Em uma árvore, que tem um significado marcante para essa história.

“E o próprio Alferes, o Tiradentes, aqui fez um dos seus pontos para disseminar a ideia de uma liberdade, disseminar o propósito da conjura mineira. O local foi usado para isso, Para propagar essa questão de que um novo tempo estava para surgir”, explica o professor André Sanches Candreva.

Cabeça

Na árvore, acabou pendurada uma perna de Tiradentes. Mas a cabeça dele foi exposta na praça central da então Vila Rica. A Corte queria amedrontar os súditos.

Mas tem um detalhe que intriga. A cabeça desapareceu e até hoje ninguém sabe onde ela foi parar.

Uma das dezenas de galerias foram abertas no século XVIII para explorar o ouro. Muita gente acaba dizendo que a cabeça de Tiradentes está  em um desses subterrâneos, numa dessas minas.

Até hoje ninguém descobriu nada. Mas sempre tem histórias intrigantes sobre o sumiço.

“Uma das lendas diz que ela foi acondicionada numa caixa de mármore com ouro e foi enterrada no quartel da cavalaria onde ele servia, que é o atual Colegio Dom Bosco”, conta o historiador Alex Bohrer.

Conspirador

O que todo mundo sabe é que Tiradentes foi um dos mais atuantes dos conspiradores.

Ele não frequentou nenhuma Universidade. Não tinha curso superior, mas era inquieto do ponto de vista intelectual.

Ele andava de um local para o outro carregando um livrinho. “Um livro com as constituições dos estados americanos, com a declaração de direitos, declarar direitos é uma coisa extraordinária porque significa você uma vez declarado o direito, ele pode até não se cumprir, mas ele não desaparece. Eu quero fazer uma República. Como é que eu construo uma República? Quais são as instituições que eu preciso? Como é que eu penso a questão da Constituição? O livro é muito rico, porque traz esses elementos e acende a imaginação de quem está pensando na liberdade”, afirma Heloísa Starling.

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