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Ministro da Educação deve sair do governo para se defender de denúncias

Milton Ribeiro é alvo de inquéritos por suspeita de favorecimento de pastores com verbas públicas

Narley Resende

Alvo de denúncias de favorecimento de pastores com verbas públicas, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, deve pedir para sair do cargo nos próximos dias. 

O governo teria acertado a saída para que Ribeiro se defenda das acusações, segundo apurou a TV Band. No Diário Oficial da União a saída deve ser publicada como exoneração, ainda sem data definida. O governo, no entanto, deve tratar a demissão como “licença”. 

O secretário-executivo da Pasta, Victor Godoy Veiga, deve assumir o cargo temporariamente. 

A expectativa é de que Milton Ribeiro saia do governo até o dia 1º de abril, quando outros ministros devem se licenciar para se dedicarem à campanha eleitoral. 

Senado 

Integrantes do governo e aliados também estariam preocupados com a audiência de Milton Ribeiro na Comissão de Educação do Senado, marcado para próxima quinta-feira (31). “Seria um massacre”, disse um interlocutor à reportagem da Band. 

Corrupção

Em áudios divulgado pela imprensa, o ministro Milton Ribeiro afirmou priorizar amigos de um pastor no repasse de verbas a municípios. As falas de Ribeiro apontam o favorecimento de municípios que negociaram verbas diretamente com dois pastores. Eles, porém, não têm cargos no governo. Segundo o ministro nos áudios, a “priorização” de determinadas prefeituras seria um pedido do presidente Jair Bolsonaro.

Segundo reportagem do jornal Folha de São Paulo, Gilmar Santos e Arilton Moura usavam o hotel Grand Bittar, em Brasília, como uma espécie de QG (Quartel General) para a negociação de recursos com prefeitos e assessores.

Em uma das ocasiões, segundo um funcionário, um dos pastores – ao se gabar da situação - chegou a tirar uma barra de ouro do bolso em meados do ano passado.

NOVA DENÚNCIA

Uma nova denúncia aponta que pastores envolvidos na liberação de verbas do Ministério da Educação distribuíram Bíblias com fotografias do ministro Milton Ribeiro em um evento organizado por um prefeito no Pará.

O encontro aconteceu em julho do ano passado na cidade de Salinópolis, a 220 quilômetros de Belém, quando o MEC aprovou a destinação de R$ 5,8 milhões para a construção de uma escola.

Ao todo, foram mais de mil reais em Bíblias impressas, cada uma ao custo de R$ 70, e o gasto foi bancado pelo prefeito do município, Carlos Alberto de Sena Filha, o Kaká Sena, do PL.

A edição – que também traz as imagens de Gilmar Santos e Arilton Moura – foi feita pela Igreja Ministério Cristo para Todos, que tem uma gráfica em Goiânia e é ligada aos dois pastores.

Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal autorizou a abertura de inquérito para apurar a suspeita de cobrança de propina na liberação de recursos do Fundo de Desenvolvimento da Educação – o FNDE.

Entre os investigados está o próprio ministro Milton Ribeiro.

Defesa

Ribeiro divulgou uma nota para negar o suposto pedido feito por Bolsonaro em relação ao atendimento preferencial aos dois pastores. O ministro também explicou que a fala dele destacou que o governo está disposto a atender todos que o procurem, inclusive os líderes religiosos citados.

“Registro ainda que o Presidente da República não pediu atendimento preferencial a ninguém, solicitou apenas que pudesse receber todos que nos procurassem, inclusive as pessoas citadas na reportagem”, afirmou o ministro. 

O presidente Jair Bolsonaro defendeu o ministro e disse que colocaria “a cara no fogo” por ele. 

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