Os protestos se espalharam pelas ruas de várias cidades da Venezuela pelo segundo dia seguido. Em Caracas, a oposição reuniu milhares de pessoas, nesta terça-feira (30), em frente à sede das Nações Unidas. A multidão está revoltada com o resultado da eleição que deu vitória suspeita ao ditador Nicolás Maduro.
“Temos que encontrar o caminho para que as eleições sejam mudanças. O povo quer uma mudança do que vivemos nos últimos 25 anos”, lamentou venezuelano entrevistado pelo Jornal da Band.
No meio da tarde, María Corina Machado, a líder de fato da oposição venezuelana, e o candidato oposicionista Edmundo González se encontraram com os manifestantes.
Maria Corina disse que a oposição já tem em mãos mais de 80% das atas eleitorais e que os dados mostram, segundo ela, que González venceu as eleições por uma grande margem de votos.
Mais cedo, González gravou um vídeo em que pediu para que as forças armadas pararem de reprimir as manifestações.
Você sabe o que aconteceu no domingo. Os venezuelanos querem a paz e o respeito pela vontade popular. A verdade é o caminho para a paz (Edmundo González, candidato da oposição)
Investigação contra Corina Machado e González
O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, também braço-direito de Maduro, pediu ao Ministério Público a prisão de Corina Machado e González. O procurador-geral do regime disse que abriu uma investigação criminal contra a dupla.
O chefe das forças armadas, Vladimir Padrino López, disse que há uma tentativa de golpe de Estado contra Maduro. Apesar da forte repressão, que deixou pelo menos sete mortes, o ditador disse que sabe lidar com os protestos.
É minha obrigação dizer a verdade. É minha obrigação. Sabemos como enfrentar essas situações e como derrotar os violentos (Nicolás Maduro, ditador da Venezuela)
Repercussão internacional
A situação continua tensa na embaixada argentina, onde estão abrigados seis opositores do regime que buscaram asilo. Enquanto isso, o mundo acompanha, com perplexidade, a situação no país. A Casa Branca classificou como inaceitável a repressão a manifestantes da oposição.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) disse que não reconhece Maduro como presidente e que a eleição teve vícios e ilegalidades.
Mais de 7 milhões exilados
Desde 2015, mais de 7 milhões de venezuelanos fugiram do país e do regime chavista. Agora, com mais uma eleição com forte suspeita de fraude, quem fica já pensa em ir embora.
“Vou deixar minha família inteira, minha mãe, meu pai, meus irmãos. Vivemos em um país sob ditadura. Era nossa última chance”, desabafou outro venezuelano contrário ao regime de Maduro.