Durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Alemanha, parlamentares alemães do Partido Verde cobraram do governo brasileiro um maior compromisso com a proteção das florestas e dos povos indígenas.
O deputado Anton Hofreiter, vice-presidente do Grupo Parlamentar Teuto-Brasileiro do Bundestag, abordou a situação dos povos indígenas em declaração à DW. "O presidente Lula deve finalmente pôr em prática seu anúncio de que vai se empenhar pelos direitos dos indígenas à terra", afirmou.
Ele acrescentou que isso vale sobretudo para o território do povo Kawahiva, que vive isolado na região da cidade de Colniza, no Mato Grosso.
A deputada verde Kathrin Henneberger disse esperar que o Brasil, na presidência do G20, coloque o tema proteção ambiental no centro do debate público. "Pois a Amazônia passa por uma seca, e a Amazônia é um dos pontos críticos de virada do nosso sistema climático. Por isso todos temos a responsabilidade de protegê-la", declarou à DW.
Acordo UE-Mercosul
Hofreiter acrescentou que, para ele, o acordo de livre-comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, que vem sendo negociado há décadas, só faz sentido se contribuir para a preservação das florestas tropicais na América do Sul.
Nesta segunda-feira, em Berlim, Lula e o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, defenderam a conclusão do acordo entre o Mercosul e a UE, apesar da oposição da França.
No sábado, o presidente francês, Emmanuel Macron, chamou o texto do acordo de "antiquado" e "incoerente" e disse que ele não "é bom para ninguém". As declarações de Macron levantaram questionamentos se o acordo será efetivamente concluído.
Também em declarações à DW, o deputado liberal Knut Gerschau, que participou de um encontro com Lula em Berlim, disse ter tido a impressão de que o presidente brasileiro preferiria assinar o acordo "antes hoje do que amanhã" e que Lula coloca na União Europeia, em especial na França, a responsabilidade por o acordo ainda não ter saído.
Segundo Gerschau, Lula também "deixou bem claro sua satisfação com o apoio para o projeto de ampliação da economia de hidrogênio no Brasil, do qual a Alemanha participa".
O presidente do Grupo Parlamentar Teuto-Brasileiro do Bundestag, Thomas Silberhorn, da União Social Cristã (CSU), declarou à DW que Brasil e Alemanha, como as maiores economias do Mercosul e da União Europeia, desempenham papéis de liderança para a conclusão do acordo.
as/cn (DW)