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Relação entre EUA e China não deve mudar com Joe Biden, diz especialista

Da redação, com BandNews TV

Relação entre EUA e China não deve mudar com Joe Biden, diz especialista
Relação entre EUA e China não deve mudar com Joe Biden, diz especialista
Flickr

O professor de Relações Internacionais da China Foreign Affairs, Marcus Vinícius de Freitas, esteve na noite deste sábado, 07, no estúdio da BandNews TV para falar sobre como ficará a relação entre os EUA e a China, após a vitória de Joe Biden. A resposta, segundo o especialista, é de que ela não deve mudar muito. 
 

“Não vai mudar muito. Você vai ter uma mudança talvez no estilo, mas não no conteúdo. Os EUA são uma potência que vêm em processo acelerado de declínio, o próprio cenário eleitoral evidenciou um problema de organização interna do país. E o que parece é que esse processo de ascensão chinesa é meio interrupto“, explicou ele. 


Segundo Freitas, de acordo com o último planejamento quinquenal, a China já determinou para onde quer crescer e o que quer fazer. “O presidente Biden, com certeza, vai tentar explorar os benefícios do acordo comercial feito por Trump e Xi Jinping para, de alguma forma, diminuir a questão do déficit comercial”. 


Questionado justamente sobre os acordos comerciais entre EUA e China, o professor acredita que Biden não vai alterá-los e citou dois motivos. “Primeiro, pelos ganhos do acordo, que 40% da sua composição é o elemento agrícola – o que concorre diretamente com o Brasil. Existe esse benefício! E segundo, como Trump disse o tempo todo que ‘Joe Biden estava no bolso da China’, o novo presidente não vai poder parecer suave com relação ao país. Provavelmente, ele vai dar continuidade, talvez como uma mudança no nome do acordo”.


Retórica agressiva de Trump

Para Freitas, o modo de falar de Trump foi, de certa maneira, benéfico para a conquista dos acordos comerciais entre os países. “Eu moro em Beijing e converso muito com diplomatas estrangeiros, particularmente europeus, e eles dizem que, de fato, precisava haver uma alteração na força com que os EUA se relacionavam com a China, numa tentativa de abertura do mercado – coisa os chineses eram reticentes. Então, esse estilo ‘trator’ de Trump extraiu concessões que Barack Obama não conseguiu, que Bush não conseguiu e essa linguagem mais dura teve impactos positivos”. Feitas ainda ressalta que em nenhum momento durante a briga do ‘vírus Chinês’ (termo usado algumas vezes pelo atual presidente dos EUA para se referir ao coronavírus), Trump criticou diretamente Xi Jinping. “Ele criticou o partido, assim como Xi Jinping, para não haver problemas pessoais entre os dois”.


Coreia do Norte

De acordo com o professor, a Coreia do Norte carece de recursos financeiros e única moeda de negociação que eles têm são as armas nucleares. “Este elemento da negociação é o instrumento principal para obter concessões. Eles esperavam ter essas concessões com Trump e, de fato, não ocorreram. Até houveram algumas, por essas razões Kim Jong-um não fez mais nenhum teste nuclear de longa distância. Mas, caso Joe Biden siga a cartilha de Obama, ele volta à estaca zero se acreditar que, sob pressão intensa, a Corei do Norte vai se abrir, ou querer trocar de regime”, explicou Freitas. 


Brasil e China 

Para Freitas, esse pode ser o momento do presidente Jair Bolsonaro repensar sua estratégia com a China. “ Entender que ela é o grande parceiro do Brasil. Já era, já é e vai continuar sendo”. Segundo o professor, a China entende o Brasil como uma potência devido à presença na América Latina e pelo fato do País ter autonomia militar, e não depender de outra nação como é o caso do Japão, por exemplo. 

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