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Relatório indica falta de provas sobre alegações de Israel contra agência da ONU

Investigação independente conclui que a UNRWA dispõe de diversas ferramentas para garantir neutralidade

Da Redação

Palestinos esperam por ajuda da UNRWA em Rafah, na Faixa de Gaza
Palestinos esperam por ajuda da UNRWA em Rafah, na Faixa de Gaza
REUTERS/Mohammed Salem /File Photo

Foi divulgado nesta segunda-feira (22) um relatório independente que investigou a alegação de Israel sobre um eventual envolvimento de "um número significativo" de funcionários da Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA) com o grupo terrorista Hamas. 

O documento, liderado pela ex-ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, afirma que “Israel não forneceu provas” das acusações. 

Em 54 páginas, a “revisão independente de mecanismos e procedimentos para garantir a adesão da UNRWA ao princípio humanitário de neutralidade”, concluiu que a agência dispõe de diversas ferramentas para garantir que permanece imparcial no seu trabalho.

O texto explica que a UNRWA fornece rotineiramente a Israel listas de funcionários e afirma que desde 2011 “o governo israelense não informou à agência de quaisquer preocupações” relativas a nenhum funcionário indicado.

Falando a jornalistas em Genebra, Colonna disse que “o conjunto de regras e os mecanismos e procedimentos em vigor são os mais elaborados dentro do sistema da ONU”, justamente por ser um ambiente tão “complexo e sensível”.

Segundo a representante, “o que precisa ser melhorado será melhorado”. A ex-ministra disse acreditar que a implementação das medidas presentes no relatório “ajudarão a UNRWA a cumprir o seu mandato”.

Principais recomendações

O relatório foi produzido com base em mais de 200 entrevistas, reuniões com autoridades israelenses e palestinas e contatos diretos com 47 países e organizações. O texto final inclui um conjunto de 50 recomendações sobre questões que vão desde a educação até novos processos de verificação para recrutamento de pessoal.

Dentre as sugestões estão a criação de uma unidade centralizada de investigações de neutralidade, a implementação de um Código de Ética atualizado e ações de formação direcionadas a todo o pessoal.

Em uma declaração divulgada também na segunda-feira, o porta-voz da ONU disse que o secretário-geral acolhe as recomendações contidas no relatório produzido por Catherine Colonna.

Impacto do corte de financiamento

Segundo o documento, as alegações de Israel contra a Unrwa desencadearam a suspensão do financiamento no valor de cerca de US$ 450 milhões.

O corte causou um impacto direto, prejudicando rapidamente a capacidade da agência de continuar o seu trabalho. Operando exclusivamente com base em doações voluntárias, a agência viu grandes doadores, incluindo os Estados Unidos, cancelarem ou suspenderem fundos.

Em abril, os Estados Unidos proibiram o financiamento da UNRWA até pelo menos 2025, mas outros doadores prometeram financiamento adicional ou restauraram as suas doações.

O novo relatório recomendou aumentar a frequência e reforçar a transparência da comunicação da UNRWA com os doadores sobre a situação financeira e sobre alegações de violações de neutralidade.

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