Além da necessidade de modernizar e ampliar sua infraestrutura, a empresa ferroviária alemã Deutsche Bahn (DB) vem precisando também enfrentar o roubo de cobre. Somente em 2022, a empresa teve um prejuízo de cerca de 6,6 milhões de euros (R$ 35 milhões) com isso, segundo o jornal Handelsblatt.
De acordo com o veículo, neste ano 2.644 trens foram afetados pelo roubo de cobre até o momento, resultando em mais de 700 horas de atrasos.
E o cobre não é roubado apenas da DB, mas também de edifícios particulares, torres de igrejas, fábricas de cobre e empresas de reciclagem.
O cobre é um metal com alta demanda por sua condutividade elétrica. Todos os aparelhos elétricos, de torradeiras a carros elétricos, precisam de cobre. Joachim Berlenbach, fundador e CEO da Earth Resource Investment (ERI) e especialista no assunto, avalia que "a demanda futura por cobre aumentará enormemente".
Berlenbach disse à DW que "simplesmente não temos o suficiente dessa matéria-prima essencial. Isso é frequentemente ignorado pelos defensores da transição energética".
Por que o cobre é tão caro?
A oferta e a demanda influenciam o preço do cobre. Berlenbach diz que o desenvolvimento econômico de países do Sul Global é uma das razões pelas quais o uso desse metal aumentará cada vez mais. O crescimento do PIB em países como a China e a Índia levará a melhorias nos padrões de vida: "Mais carros serão dirigidos, mais ar-condicionados serão comprados e as casas serão construídas com fiação elétrica. A demanda por eletricidade e, portanto, também por cobre, aumentará muito", explica.
De acordo com a ERI, cerca de 700 milhões de toneladas de cobre foram extraídas do planeta na história da humanidade e "estima-se que precisaremos de aproximadamente a mesma quantidade de cobre nos próximos 30 anos".
Ao mesmo tempo, "está se tornando cada vez mais difícil encontrar depósitos de cobre para extração. Os depósitos geológicos existentes estão concentrados em poucos países, por exemplo, no Chile e na República Democrática do Congo, onde o risco geopolítico para as empresas de mineração não é desprezível", diz.
Para onde vai o metal roubado?
Ao jornal Tagesspiegel, Ralf Schmitz, diretor-gerente da Associação Alemã de Comerciantes e Recicladores de Metais (VDM), disse que a receptação de metais não ferrosos roubados na Alemanha é difícil, porque quando o cobre é vendido, os dados pessoais dos parceiros comerciais são registrados. No caso de grandes roubos, outros membros da VDM são notificados, como a Polônia, que "tem um sistema tão eficiente quanto o que temos na Alemanha".
É por isso que Schmitz suspeita que os ladrões de metal preferem vender o produto de seu roubo no exterior, especialmente porque a alfândega não consegue controlar adequadamente esses movimentos de mercadorias. "A maior parte do material não está mais indo para a Europa", disse Schmitz ao Tagesspiegel. "A maior parte do material, essa é a minha teoria, vai em contêineres para o exterior", disse.
"Não há substituto para o cobre"
Os ladrões não estão apenas ficando mais bem organizados, mas também mais impiedosos. Durante a investigação de um roubo milionário na empresa metalúrgica alemã Aurubis, as autoridades confiscaram dez veículos, mais de 200 mil euros em dinheiro e várias armas de fogo e munição.
O roubo de cobre não ocorre somente na Alemanha. Joachim Berlenbach lembra que, durante sua estada em Joanesburgo, na África do Sul, "uma vez, arrancaram todas as linhas telefônicas" na rua onde ele morava.
O especialista não consegue pensar em nenhuma medida eficaz para impedir os ladrões. O modelo de negócios dos piratas de metais não ferrosos parece, por enquanto, improvável de mudar no futuro. Berlenbach disse à DW que "infelizmente não há substituto para o fio de cobre, isso é simplesmente um fato da física".
Autor: Dirk Kaufmann