Scholz endurece discurso e defende deportações de criminosos

Após morte de policial por um afegão, chanceler federal da Alemanha condena radicalismo islâmico e defende deportações de criminosos de países classificados como "inseguros", como Afeganistão e Síria.

Por Deutsche Welle

O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, defendeu nesta quinta-feira (06/06) a deportação de imigrantes que cometam crimes, incluindo pessoas oriundas "da Síria ou do Afeganistão".

As falas de Scholz ocorreram poucos dias após a morte do policial alemão Rouven Laur, de 29 anos,assassinado durante um atentado na cidade de Mannheim cometido por um afegão que também atacou participantes de um comício de ultradireita. O episódio provocou comoção na Alemanha e marcou a primeira morte de um policial em pouco mais de dois anos no país.

"Fico indignado quando alguém que procurou proteção aqui comete crimes graves. (...) Os criminosos e os terroristas perigosos não têm lugar aqui", disse Scholz num discurso no parlamento alemão. "Nestes casos, os interesses de segurança da Alemanha têm precedência sobre os direitos individuais. (...) Também não toleraremos que os atos terroristas sejam glorificados e celebrados", insistiu o político social-democrata.

A vontade política do governo, porém, tem obstáculos práticos. As deportações de criminosos para o Afeganistão foram suspensas na Alemanha desde que os talibãs regressaram ao poder e Berlim ainda não reconhece o novo regime fundamentalista. em agosto de 2021. Berlim também mantém uma moratória sobre as deportações para a Síria desde 2012, devido à guerra civil no país do Oriente Médio. A questão ainda levanta desafios de segurança, como referiu a chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock, caso os criminosos deportados sejam simplesmente libertados no Afeganistão.

"Devemos às vítimas que os autores cumpram as penas na prisão e que os assassinos não sejam libertados no Afeganistão", disse Baerbock esta semana.

Apelos

Nos últimos dias, várias vozes, sobretudo da direita e da ultradireita, mas também do partido de Scholz, o Partido Social-Democrata (SPD), têm pedido regras mais duras, depois da morte do policial Laur.

O assassino é um afegão de 25 anos que mora há mais de dez anos na Alemanha. Mesmo tendo um pedido de asilo rejeitado pelas autoridades alemãs em 2014, ele nunca foi deportado. Nove anos depois de chegar à Alemanha, ele conseguiu uma permissão temporária de residência ao ter um filho com uma mulher com cidadania alemã.

Na segunda-feira, as autoridades alemãs disseram ter encontrado indícios claros de que o autor do atentado no centro de Mannheim era um extremista islâmico. O ministro alemão da Justiça, Marco Buschmann, escreveu na rede social X na noite desta segunda-feira que "há agora indicações claras de motivação islamista no ataque ocorrido na última sexta-feira. Ele afirmou que "o islã tem lugar na Alemanha, mas o islamismo [ideologia política radical], não" e alertou que "o perigo representado pelo fanatismo religioso e pelo islamismo radical continua sendo grande".

Ainda nesta quinta-feira, Scholz também condenou o extremismo islâmico: "O Islã radical... o terrorismo... quer nos privar da nossa liberdade. Sem essas liberdades, não temos democracia". Falando à família, aos amigos e, acima de tudo, aos colegas do policial morto, Scholz disse: "Estamos com vocês. Apoiamos nossa polícia".

Scholz também destacou a necessidade de contratar mais policiais e prometeu negar passaportes alemães a islamistas ou antissemitas conhecidos, prometendo uma postura de "tolerância zero" quando se tratasse de deportar tais indivíduos.

Por outro lado, Scholz deixou claro que a liberdade de viver em paz se aplica a todos na Alemanha, dizendo: "Isso vale tanto para aqueles que sempre viveram aqui quanto para os que chegaram recentemente. Os imigrantes são parte de nossa sociedade, não permitiremos que nos dividam".

Ele também destacou a necessidade de mais policiais e prometeu negar passaportes alemães a islamistas ou antissemitas conhecidos, prometendo uma postura de "tolerância zero” quando se tratasse de deportar tais indivíduos.

jps (DW, Lusa, AFP, ots)

Tópicos relacionados

Mais notícias

Carregar mais