Um apagão generalizado na Venezuela na manhã desta sexta-feira (30/08) deixou a capital Caracas e outras regiões do país no escuro, informou o ministro das Comunicações venezuelano, Freddy Ñáñez. Ele atribuiu a falta de luz à oposição, sem apresentar quaisquer evidências ou explicar exatamente o que causou o blackout.
Segundo Ñáñez, a "sabotagem" contra o "sistema nacional elétrico" teve início por volta das 4h40 (5h40 de Brasília) e afetou quase todo o território nacional, com falhas elétricas totais ou parciais notificadas por todos os 24 estados venezuelanos.
O apagão veio apesar de, segundo o governo venezuelano, as Forças Armadas do país estarem desde o final de junho em "todas as instalações elétricas" como parte de um "plano especial de patrulha e vigilância 24 horas".
As declarações surgem pouco mais de um mês após a controversa eleição presidencial no país.
O atual mandatário, Nicolás Maduro, se autoproclamou vitorioso apesar de jamais ter apresentado as atas eleitorais (espécie de boletim de urna) que permitiriam conferir os resultados da votação de 28 de julho.
O regime também ameaça a oposição após esta ter pressionado pela divulgação das atas e contestado o resultado da eleição.
Apagões em menor escala são recorrentes na Venezuela
Apagões são recorrentes na Venezuela, embora em menor escala. Também é comum o governo apontar o dedo para opositores e seus aliados internacionais, como os Estados Unidos, acusando-os de praticar "sabotagem".
Para analistas, essas falhas elétricas mais restritas e frequentes muito provavelmente se devem ao subfinanciamento e à má gestão da rede elétrica.
O maior apagão da história recente ocorreu em 2019, quando o país registrou três falhas nacionais que duraram até três dias. Na época, a Venezuela também havia passado por uma eleição polêmica, com opositores acusando o pleito de ter sido fraudado.
Maduro pressiona oposição
A vitória de Maduro não foi reconhecida por diversos países e organizações internacionais, inclusive o Brasil.
Recentemente, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), mais alta Corte do país, chancelou em caráter "inapelável" a reeleição do líder chavista e proibiu a divulgação das atas eleitorais.
A oposição, unida em torno do candidato Edmundo González Urrutia, diz ter reunido parte dessas atas por conta própria e, baseada nelas, afirma ter conquistado a maioria dos votos.
O TSJ, que é fortemente aparelhado pelo chavismo, determinou ainda que o Ministério Público investigue os responsáveis pela divulgação dos boletins.
Nesta sexta, procuradores convocaram González pela terceira vez. O oposicionista é acusado pelo governo de divulgar dados fraudulentos, e está sob ameaça de prisão.
Ao menos 27 pessoas morreram na Venezuela – incluindo dois militares – e outras quase 200 foram feridos em protestos desde a eleição. Cerca de 2.400 pessoas foram presas.
ra/le (AFP, Reuters, EFE)