Uma moeda pública paralela ao real foi instituída em Resplendor, no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. A nova moeda, batizada de “ubérrima”, foi criada pelo município como uma estratégia de enfrentamento de crises geradas pela pressão de municípios maiores, que monopolizam os recursos da cidade menores. A circulação da moeda será feita somente dentro do município com valor igual ao real.
“Esse dinheiro, esses reais que a gente utiliza para comprar a úbérrima, é depositado diretamente no Fundo Monetário Municipal. Então é exatamente para ter o lastro. Porque qualquer pessoa depois que quiser trocar a ubérrima por real vai ter essa garantia de que aquele dinheiro ele tem confiabilidade, porque está lastreado no Fundo Monetário Municipal.”, explica o prefeito da cidade Diogo Scarabelli Junior (PP).
O conceito por trás deste tipo de moeda é desenvolver a economia local. Com parte da população recebendo uma moeda exclusiva da cidade, o consumo será realizado apenas em estabelecimentos da região, evitando que as pessoas saiam para municípios maiores nas proximidades para fazer compras.
Para o professor de economia do IBMEC Luiz Carlos Gama, a moeda pode gerar pontos positivos, mas também negativos.
“O que poderia acontecer é o que o indivíduo preferir continuar gastando no município para não ter esse custo de ter que sair. Nesse ponto de vista você poderia ter sim eh uma maior riqueza ficando no município. Mas, ao mesmo tempo, você gera um aumento de custos. Pensa um exemplo de uma padaria que compra, por exemplo, farinha em outra cidade. Ela vai receber nessa moeda local, vai ter que ter o trabalho de ir numa casa, trocar por real pra ter que ir aí na outra cidade. Você vai aumentar o custo.”, explica.
A Ubérrima é a segunda moeda local instituída no país. A primeira que pode ser considerada moeda social foi criada em Maricá, no do Rio de Janeiro e já está em circulação há quase onze anos no município.
