Menos de 390 mil doses das vacinas de rotina foram aplicadas em crianças de até dois anos de idade na cidade do Rio de Janeiro em 2023. Os dados são do Observatório Epidemiológico do Rio (EpiRio) e foram atualizados pela última vez no dia 18/07.
A capital fluminense precisaria quadruplicar o número de aplicações até o fim do ano para atingir os resultados obtidos em 2022 e 2021, que já eram considerados baixos. Nos últimos dois anos, um milhão e seiscentas mil doses de vacinas de rotina foram aplicadas nesse público.
Em 2020 foram 2,3 milhões de doses. A queda na adesão durante o período da pandemia de covid-19 foi de mais de 30%.
Até agora somente a aplicação da BCG, que protege contra a tuberculose, bateu a meta esperada para o ano. A taxa saltou de 81% em 2020 para 107,1% em 2023, superando a expectativa da Secretaria Municipal de Saúde.
No caso da vacina contra a poliomielite, a taxa de adesão para crianças de até dois anos está em 73,7%, maior do que no ano passado, mas inferior ao resultado obtido em 2019, 2020 e 2021. É a mesma tendência da Meningo C, que previne a meningite, com taxa registrada até agora de 70,8%.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio afirmou que “realiza constantemente ações de vacinação e também de divulgação sobre a importância da vacinação, convocando pais e responsáveis a levarem seus filhos menores às unidades de saúde, para manter o calendário em dia”.
Nesta semana, pontos de vacinação móveis nas Naves do Conhecimento foram disponibilizados para crianças e adolescentes que participam das colônias de férias do projeto, com uma oferta de 18 vacinas de rotinas.
Doses de reforço contra a Covid-19 com a bivalente e as da vacina da Influenza, inclusive para adultos que estiverem acompanhando as crianças, também foram oferecidas.
A Secretaria Municipal reforçou que, em toda a cidade, estão disponíveis 237 unidades de Atenção Primária – clínicas da família e centros municipais de saúde –, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. É possível conferir horários de atendimento na plataforma Onde Ser Atendido, através do link.
As vacinas também estão disponíveis no Super Centro Carioca de Vacinação, em Botafogo, que funciona de domingo a domingo, das 8h às 22.
VACINAÇÃO INFANTIL NO BRASIL E NO MUNDO
Novos dados sobre a vacinação infantil no mundo foram divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Segundo o documento, o número de crianças brasileiras não vacinadas caiu de 710 mil para 430 mil, entre 2021 e 2022.
Apesar do aumento de quase 10 pontos percentuais na cobertura vacinal, os números ainda estão longe da meta esperada pelo Ministério da Saúde, de 95%. O último ano que ultrapassou essa taxa foi o de 2015, com uma porcentagem de 96%. Em 2019, foi de 70%.
Segundo a pesquisadora em saúde da UFRJ, Chrystina Barros, a redução de crianças vacinadas durante a pandemia da Covid-19 precisa ser enfrentada com medidas corretivas.
“Hoje, estamos com quase 77% de cobertura. Melhor do que antes da pandemia, mas ainda longe do que já fomos um dia. (...) As escolas só deveriam aceitar matrículas de crianças com esquema vacinal completo. Que isso seja aplicado nas creches, tanto no público quanto no privado. É reconstruir o que perdemos com as discussões extremas. Esse é o maior vilão e o maior desafio”.
No mundo, 20,5 milhões crianças não apresentaram o esquema vacinal completo em 2022, o que representa uma cobertura de 84%. São 3,9 milhões a menos do que o total exposto a doenças em 2021, considerado o pior da pandemia, com somente 81% de cobertura.
O ano de 2019 ainda aponta índices melhores do que o de 2022, com 18,4 milhões sem imunizantes, o equivalente a 86% de protegidos.
“O que muitos pais pensam que é o livre arbítrio de negar proteção a seus filhos, é desleixo, descuido, falta de amor com eles. E pior, com a sociedade. Neste ponto o Estado precisa reforçar sua mão forte”, conclui Chrystina.
*Sob supervisão de Christiano Pinho.