A cada dez doações de órgãos no Rio, quatro são feitas por transporte aéreo

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, 111 das 263 doações feitas de janeiro a agosto deste ano tiveram ajuda de helicópteros.

Yasmin Bachour e *Ana Clara Prevedello

Hoje (27) é Dia Nacional da Doação de Órgãos, e o estado do Rio de Janeiro lidera o ranking de doações feitas no Brasil. Segundo a Central de Transplantes da Secretaria Estadual de Saúde foram 349 retiradas de fígados, pulmões, rins e corações em 2022 e, de janeiro a agosto deste ano, já são 263 órgãos doados.  

Destes 263 órgãos, 42% foram transportados por helicóptero. O serviço é realizado pela Superintendência de Operações Aéreas (SOAer) da Secretaria de Estado de Saúde, na base aérea do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, na Zona Sul.  

O Rio foi o primeiro estado a ter um helicóptero dedicado ao transporte de órgãos. Assim que recebem o chamado, os profissionais conseguem levantar voo em menos de cinco minutos. Sem essa ajuda, muitas doações não aconteceriam, já que a distância e o trânsito na Região Metropolitana podem prejudicar o deslocamento.  

Quando mais de um órgão precisa ser transportado ao mesmo tempo, outros helicópteros do Estado são ativados, como os das Polícias Civil e Militar e do próprio Corpo de Bombeiros. O coronel Adalberto Sobral Neiva, comandante da SOAer, foi quem iniciou o trabalho aéreo para doação de órgãos.

“O nosso maior desafio é conseguir levar esse órgão para chegar em tempo hábil de ser implantado. Quanto mais rápido você conseguir chegar com aquele órgão melhor. Porque ele pode parar no meio do caminho e se ele parar, perde aquele captação”, afirma o militar.

A doação de órgãos salva a vida de milhares de pessoas que aguardam pelo procedimento no Sistema Único de Saúde. Um único doador pode alcançar, pelo menos, nove pacientes. São dois pulmões, dois rins, um coração, um fígado – que pode ser bipartido para beneficiar duas pessoas, um pâncreas e um intestino. No caso dos pulmões, o direito vai para uma pessoa, e o esquerdo para outra. O mesmo vale para os rins.  

“Eu não recebi só um coração. Eu ganhei uma vida para viver. Ver a minha família crescer… acompanhar o crescimento deles”, conta José Omar, que é transplantado.

É importante explicar que o número de transplantes feitos costuma ser maior do que o de doações. Foram 263 doações de janeiro a agosto no Rio, mas 534 pacientes foram salvos. O rim foi o órgão mais transplantado, com 306 procedimentos, seguido do fígado (195), coração (2) e pulmão (4).  

“Eu acho que a doação é ressignificar aquele momento de luto e perda, e pensar que alguém vai receber e ter vida após a morte de alguém”, acredita Alan Melquiades, Diretor Assistencial do RJ Transplantes.

Para doar, é necessário que a equipe médica confirme morte cerebral no paciente. São familiares mais próximos que tomam a decisão, portanto, é importante conversar sobre o assunto com a família e manifestar o desejo de doar órgãos em caso de falecimento.  

*Sob supervisão de Christiano Pinho.