Ação contra a milícia demole onze construções irregulares na Muzema

Todos os estabelecimentos seriam ligados à milícia que domina a região

Thales Teixeira (Sob supervisão de Natashi Franco)

Onze construções foram demolidas nesta segunda-feira Foto: Divulgação
Onze construções foram demolidas nesta segunda-feira
Foto: Divulgação

Nesta segunda-feira (3), onze construções irregulares em área pública foram demolidas, em ação conjunta da Prefeitura do Rio com o Ministério Público, na Muzema, na Zona Oeste do Rio.

“Acaba que as pessoas apresentam documentos aqui e chegam falando que pagam aluguéis e não sabem dizer, não dizem para quem é, não sabem quem é o dono. Então fica uma coisa que é caso de polícia e Ministério Público, eles tomam conta desse tipo de investigação. A gente entra aqui com o operacional. A gente tem que fazer esse trabalho e a gente vai continuar atuando nesse sentido, fazendo a demolição e alertando as pessoas. A gente fala enquanto Prefeitura, que as pessoas não devem invadir esse tipo de área sem nenhum tipo de documentação”, afirmou Talita Galhardo, subprefeita de Jacarepaguá.

Todas as construções que vieram abaixo seriam ligadas à milícia que domina a região. Entre as obras que foram demolidas estão, três lava-jatos, oficina, restaurante, estacionamento e até uma igreja evangélica.

“Essa operação é mais um recado muito claro da Prefeitura de que não vai tolerar construção irregular, especialmente em áreas que sofrem influência do crime organizado, como é o caso da Muzema, que a gente sabe que sofre influência da milícia. Então essa operação demoliu onze estruturas, todas elas de uso comercial, sem nenhum tipo de moradia ou habitação”, informou o Secretário de Ordem Pública Breno Carnevalle.

De acordo com as investigações, os estabelecimentos seriam explorados pelo miliciano Emerson Portela, conhecido como “Missinho”, que foi preso pela Polícia Federal no dia 22 de dezembro do ano passado.

Segundo o Ministério Público, a prática da construção e exploração irregular de imóveis é uma das principais fontes de renda da milícia.

“A ação de hoje é relevante porque ela dá um golpe financeiro nesse braço importante da milícia que é a exploração imobiliária e ocupação irregular do solo urbano, que vem sendo um nicho muito abrangente das organizações milicianas, especialmente aqui na região do Itanhangá, Muzema e Rio das Pedras. Ela (a operação) acaba estancando essa exploração econômica, ou seja, eles passam a não poder mais lucrar com essa área, ao menos, temporariamente”, declarou o Promotor Michel Zoucas.

Em outra ação de combate às milícias, a Polícia Civil prendeu, também nesta segunda-feira (3), Jairo Batista Freire, conhecido como “Jairo” Ele é apontado como o braço direito de Luís Antônio da Silva Braga, o “Zinho”.

Jairo foi preso em casa, em Seropédica, na Baixada Fluminense. No local foram apreendidos relógios que ajudaram a identificá-lo em vídeos com homens fortemente armados, comemorando o ataque ao território rival. Ele é o principal responsável pela guerra entre grupos milicianos rivais que vem aterrorizando a Zona Oeste e a Baixada Fluminense.