A Polícia Civil apreendeu um adolescente de 17 anos suspeito de ser um dos líderes de uma quadrilha que pratica crimes por meio de uma plataforma digital. Ele foi encontrado em Pedra de Guaratiba, na Zona Oeste do Rio. Um outro adolescente, de 14 anos, também foi apreendido. Eles são suspeitos de instigar ou auxiliar o suicídio e estupro de outros adolescentes. Desde abril, mais de 10 pessoas foram presas ou apreendidas por esse crime.
A Operação Dark Room, deflagrada nesta terça-feira (27), investiga desde março deste ano o grupo criminoso liderado por jovens e adolescentes de todo o país. O aplicativo Discord, que realiza chamadas de voz, de vídeo e envia mensagens, era o principal canal de comunicação com as vítimas.
A polícia teve acesso a vídeos que mostravam animais sendo mutilados e sacrificados como parte de desafios. As imagens também mostram adolescentes sendo chantageadas e constrangidas a se tornarem escravas sexuais dos líderes para que cometessem os "estupros virtuais" que eram transmitidos ao vivo por meio de "calls" para todos os integrantes do servidor. Durante as ligações, as vítimas eram xingadas, humilhadas e obrigadas a se automutilar.
Segundo Maria Fernanda Balsalobre Pinto, do Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância (GECRADI), é importante ressaltar que são atos criminosos e não apenas desafios praticados por crianças e adolescentes.
De acordo com as investigações, eram utilizados três servidores de comunicação. Neles, também eram divulgados vídeos de pedofilia, zoofilia e apologia aberta ao racismo, nazismo e a misoginia. As imagens das vítimas também eram divulgadas em grupos públicos do Telegram.
As vítimas eram escolhidas dentro do próprio Discord ou por indicação. Os criminosos pesquisavam dados pessoais de seus alvos e os chantageavam afirmando que possuíam fotos comprometedoras que seriam vazadas ou enviada para os pais, caso não se rendessem às ordens. Na maioria das vezes estavam blefando.
Em nota, o Discord afirmou que, no Brasil, 99,9% dos usuários nunca violaram as políticas de segurança da plataforma e que , nos últimos seis meses, foram removidos 98% das comunidades que mostraram conteúdos de abuso infantil. A empresa também disse que 15% dos funcionários estão voltados para garantir a segurança digital na rede.
*Sob supervisão de Helena Vieira