Ator Victor Meyniel é esperado para depor nesta sexta-feira (8)

Polícia Civil quer ouvir influenciador após testemunha apresentar versão diferente sobre início da agressão

Marcus Sadok e Gustavo Osório

O ator Victor Meyniel deve prestar um novo depoimento, na tarde desta sexta-feira (8), na Delegacia de Copacabana. Os investigadores buscam entender o que originou a briga entre Yuri de Moura Alexandre e a vítima, após Karina Assis, que divide o apartamento com o agressor, apresentar uma versão diferente sobre o início da discussão.

A médica foi ouvida na quarta-feira (6) e relatou que o ator e influenciador Victor Meyniel, de 26 anos, teria ameaçado Yuri de Moura dentro do apartamento onde estavam antes da briga na portaria do prédio em Copacabana, na Zona Sul.

No depoimento, Karina disse que, em um primeiro momento, Yuri avisou que estava recebendo Victor em casa após se conhecerem em uma boate. Ela diz que chegou em casa de um plantão em uma UPA, às 7h30 de sábado (2), e encontrou os dois tomando vinho e ouvindo música. Karina afirma que desde sua chegada Victor apresentava um comportamento inconveniente e desrespeitoso. 

A médica contou que estava cansada e foi para o quarto, onde Victor entrou pelo menos duas vezes sem autorização e ainda tentou entrar uma terceira, mas não conseguiu pois ela trancou a porta. Nesse momento, o ator teria batido várias vezes na porta pedindo para entrar.

O estudante de medicina teria aproveitado o momento em que o ator foi ao banheiro para dizer para ela: “Victor é muito chato! Estou tentando fazer ele ir embora há algum tempo”. A amiga teria concordado.

Após alguns minutos, Yuri teria dito para Karina que iria para a academia, na tentativa de motivar o influenciador a ir embora, pois estavam insatisfeitos com a forma como Victor estava se comportando.

Karina disse que logo após a saída do amigo não aguentou e enviou uma mensagem para o celular dele pedindo para que ele voltasse para fazer Victor ir embora, pois ela precisava descansar e estava incomodada.

Yuri teria voltado ao apartamento. Foi quando começou a discussão.

Em depoimento Karina afirmou que Yuri disse: “Você não vai tratar minha amiga assim. Ela mora aqui. Aqui é a casa dela. Você vai embora agora”. O ator teria respondido que iria "estragar" a vida do estudante e proferido uma ameaça: “a sua vida (Yuri) não será a mesma...você (Yuri) não sabe quem eu sou”.

A discussão teria continuado no corredor do prédio.

A testemunha disse ainda que conseguiu ouvir os gritos de Yuri para que Victor fosse embora: “Vá embora. Aperta o ‘T’ (no elevador) e vai embora". 

Ela finalizou o depoimento afirmando que depois disso dormiu e só acordou após toda a confusão com o interfone tocando. Seria um funcionário ligando para informar o que havia acontecido.

Victor Meyniel foi agredido com dezenas de socos pelo estudante de medicina na portaria do prédio. O porteiro Gilmar José Agostini presenciou toda a violência sem interferir e, momentos depois, tirou a vítima do corredor sem prestar assistência. O funcionário foi autuado por omissão de socorro. Ele alegou à polícia que “não gosta de se meter na vida dos outros”.

Os advogados de Victor e o ator contam outra versão. Afirmam que as agressões começaram depois que Yuri ficou incomodado ao ter sua sexualidade revelada na frente do porteiro. Eles sustentam que o agressor teria começado a apresentar um comportamento agressivo ainda no apartamento após a chegada de Karina, supostamente por querer omitir que os dois tinham “ficado”. A médica, porém, apresentou capturas de tela da conversa com Yuri pelo WhatsApp, que indicam que ela sabia que o amigo é gay e que estava se relacionando com o influenciador na noite de sábado (2).

A Polícia Civil chegou a dizer que uma das hipóteses da investigação era a de que Yuri não queria que outras pessoas soubessem que ele é gay, e chegou a indiciar Yuri por homofobia.

O agressor está preso preventivamente e responde pelos crimes de lesão corporal, injúria por homofobia e falsidade ideológica, já que afirmou ser médico da Aeronáutica no momento da chegada da Polícia Militar, o que foi desmentido pelos investigadores. 

A defesa de Yuri apresentou uma certidão de casamento com outro homem na tentativa de afastar a autuação de injúria por homofobia, mas o juiz refutou o argumento, dizendo que a violência teria começado depois de Victor ter questionado a sexualidade do agressor.